quarta-feira, 31 de julho de 2013

Um novo ‘link’ em Caiena

Vaneza em retrato de minha autoria

A partir de agora, você, leitor deste blogue, conta com o contato direto com a Guiana Francesa. Trata-se de FERREIRA SIGOBINE VANEZA - YouTube , que está ao lado na “Minha lista de blogs”.
Vaneza, que para alem de sua cultura francesa e da graduação na Universidade Rennes2, nasceu no Brasil (Maranhão), cresceu em Caiena, e é uma pessoa muito especial. Por intermédio dela, você vai conhecer histórias muito ricas em conteúdo e humanidade!

  

terça-feira, 30 de julho de 2013

Tambem somos América!



HUGHES, Langston(1) - Eu também sou América” - Tradução de Sylvio Back(2) - Caderno Mais!, Folha de São Paulo, 15 de fevereiro de 1998.

Original (inglês):
I, TOO, SING AMERICA
 
I, too, sing America .  
I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.
 
Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me
"Eat in the kitchen",
Then.
Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed -
 
I, too, am America.

Tradução (português):
EU TAMBÉM SOU AMÉRICA

Também canto a América
Sou seu "brother".
Quando chega alguém,
Eles me mandam comer na cozinha
Mas eu rio,
Como bem,
E fico forte.
 
Amanhã
Sentarei à mesa
Quando chegar alguém.
Então ninguém se atreverá
A me dizer
"Coma na cozinha".
 
Aí eles vão ver como sou bonito
E ficarão envergonhados.
 
Eu também sou a América.

1 Poeta, novelista, ensaísta e teatrólogo estadunidense nascido em Joplin, Missouri, considerado o mais expressivo poeta negro nos Estados Unidos, que transportou para a poesia os ritmos e a cadência da música de seu povo, notadamente o blues. Foi criado e educado pela mãe. Cresceu em Lawrence, Kansas, e Lincoln, Illinois. Depois mudou-se para Nova Iorque (1921) e entrou para a Univerdade de Columbia.


Foi um dos primeiros escritores e artistas atraído pelo Harlem e pelo crescimento súbito de atividade cultural afroamericana. Publicou “The Weary Blues” (1926), sua primeira coleção de versos. Passou a trabalhar em adaptações de formas poéticas tradicionais ao blues e música de jazz. Voltou a escola (1926), na Universidade de Lincoln, Pensilvânia,  onde formou-se (1929). Depois da graduação, envolveu-se com o partido comunista, o que o levou a ser investigado pelo subcomitê de Senado presidido por Joseph McCarthy (1953).
Escreveu 16 livros de poesia, três de contos, além de documentários, peças teatrais, poesia para crianças, programas de rádio e TV e artigos para revistas e jornais. Vários poemas seus se transformaram em letras de música. Sua poesia era destinada especialmente à classe de pessoas simples, à massa negra, com quem conviveu lado a lado na sua infância e juventude e fomentou o vigor da sua criação poética.

2. Sylvio Back é cineasta, poeta, roteirista e escritor. Filho de imigrantes hún­garo e alemã, é natural de Blumenau (SC). Ex jornalista e crí­tico de cinema, au­todidata, inicia-se na direção cinematográfica em 1962, tendo escrito, dirigido e produzido até hoje trinta e sete filmes – entre curtas, médias e onze longas-metragens, esses, a saber: “Lance Maior” (1968), “A Guerra dos Pe­lados” (1971), “Ale­luia, Gretchen” (1976), “Revo­lução de 30” (1980), “Repú­blica Gua­rani” (1982), “Guerra do Bra­sil” (1987), “Rádio Auriverde” (1991), “Yndio do Brasil” (1995), “Cruz e Sousa – O Poeta do Des­terro” (1999), “Lost Zweig” (2003), e “O Contestado – Restos Mortais” (2010).

   

domingo, 28 de julho de 2013

Privilégio (1967)

Pensatas de domingo, Peter Watkins, “Privilégio”, e alienação

 O longa-metragem com 1:38:30 está na postagem acima.

Assisti anteontem, em cópia que baixei da internet, um filme que havia visto nos anos 1960, mas que tem tudo a ver com a situação do momento, com a visita oficial do papa ao Brasil, e a manipulação emocional utilizada pelo governo da Frente Popular(1) em conjunto com o clero e a grande mídia burguesa, junto às massas... Em especial a religiosa(2 ),anestesiada por uma propaganda massiva e alienante.

“Privilégio” (Privilege) é um filme de Peter Watkins(3), Inglaterra/1967, com Paul Jones e a famosa –e belíssima– atriz e modelo Jean Shrimpton, nos principais papeis.
A ficção, autoria de John Streight, com roteirização de Norman Bognes, tem Steven Shorter (Paul Jones), como o centro da narrativa, sendo o maior astro da música britânica, amado e ouvido por todo o público, dos mais jovens aos mais idosos.
Seus produtores e empresários , no entanto, começam a usar a sua popularidade para projetos econômicos os mais variados. E, enquanto Steven perde a pouco e pouco a sua individualidade, transformando-se em um mero produto, sua posição de ícone torna-se útil para os setores mais conservadores da sociedade do Reino Unido.
A Igreja e o Estado começam a utilizá-lo para combater o ateísmo e o comunismo, tornando-o um instrumento do fundamentalismo religioso cristão e de um nacionalismo ufanista de cunho nitidamente fascista.

Do ponto de vista psicológico, o filme aprofunda o conflito do personagem em sua progressiva perda de identidade e o esmagamento de sua personalidade. Outrossim, realizado no período dos Beatles e Rolling Stones em seu apogeu, constitui-se, de alguma maneira uma análise crítica à fabricação de ídolos na sociedade de consumo.

1. Frente Popular não é apenas uma simples coligação, mas um conceito político. Chama-se de Frente Popular, desde os 1930’s os governos encabeçados pelos partidos da classe trabalhadora em aliança com a burguesia.

Obviamente somente em situações excepcionais a burguesia incorpora essas lideranças traidoras da classe operária ao governo, e, em situações mais excepcionais ainda elas exercem o papel principal. Quando isso acontece, passa a existir um governo de Frente Popular, mas o predomínio de líderes operários no “poder” não muda o caráter de classe do governo, que continua sendo burguês.

2. Marx definiu a religião como o “ópio do povo”. No entanto, do século XIX aos nosso dias, ocorreu um fortalecimento da burguesia após o craque econômico de 1929, quando políticas reformistas agregaram setores de uma “aristocracia operária”, inexistente à época de Marx, e reforçou-se do poder da mídia, inicialmente com o surgimento do cinema e do rádio, e, posteriormente da televisão. Essa mídias, reforçaram a reação da burguesia, da aristocracia rural e do clero, ampliando o seu poder. Porem, em essência, a religião continua a ser a grande aglutinadora da alienação estupefaciente. João Paulo II foi uma prova de como o retrógado e corrupto Vaticano conseguiu uma comunicação junto às massas, tendo exercido um papel importante na queda dos Estados Operários, inclusive a URSS.


 3. Após estudar drama na Academia Real de Arte Dramática, Watkins começou sua carreira de cinema e TV como produtor assistente de filmes de curta-metragem para televisão e comerciais e, no início dos anos 1960, foi editor e diretor assistente de documentários da BBC.
Sua reputação como provocador político foi amplificada por “Punishment Park” (Parque da Punição), uma história de conflito político violento nos Estados Unidos, que coincidiu com o Massacre de Kent State.
Entre suas principais obras encontram-se “Culloden” (1964),  “The War Game” (O Jogo da Guerra – 1963), “Privilege” (Privilégio – 1964), “The Gladiators” (Os Galadiadores – 1969), “Punishment Park” (Parque da Punição – 1970), “Resan” (A Jornada – 1987) , e “La Commune” (Paris, 1871 – 2000).
Watkins é também conhecido por suas opiniões políticas sobre a mídia cinematográfica e televisiva, escrevendo extensamente sobre os problemas dos jornais de televisão.