domingo, 8 de janeiro de 2017

Pensatas de Domingo. O capitalismo e a bestialização massiva da humanidade



Teem acontecido casos de violência coletiva com uma frequência um tanto quanto absurda e assustadora. Pode-se garantir que a população estadunidense está completamente perdida e loucamente alucinada em busca do nada! E quando eu digo “nada” é porque a massificação da alienação acaba por retirar alguns valores e propósitos que desaparecem em pouco tempo. E não se trata de um discurso “moralista”, mas sim da procura de alguma moral que tenha sobrevivido a todo este massacre  desumano.

Neste momento nos aproximamos de Herbert Marcuse, pois quando este definiu o “Homem Unidimessional” (One-Dimensiobal Man – 1964)¹ era mais difícil entendê-lo no todo de sua abrangência. Mas será que nos dias de hoje não ficou claríssima a existência de uma humanidade robotizada, idiotizada, pisoteada e execrada a cada momento em que tenta persistir em seu caminho?

Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, os movimentos repressivos das liberdades individuais, e com uma desvalorização da razão em favor da técnica. Neste seu livro, Marcuse afirma que a sociedade industrial chegou a um ponto onde a burguesia e o proletariado, classes responsáveis pelo movimento da história, deixavam de ser agentes transformadores da sociedade para se tornarem agentes defensores do status quo. Os avanços da técnica solucionaram tantas pequenas necessidades, tornaram a vida destes grupos tão confortáveis, que o ímpeto revolucionário deles cessou. Ao mesmo tempo, a técnica possibilitou um controle social cada vez mais aperfeiçoado, e se tornou não um instrumento neutro, como se acreditava anteriormente, e sim engrenagem central de um novo sistema de dominação. E se o proletariado não era mais "sujeito revolucionário", grupo em oposição à sociedade hegemônica, que agrupamento social o seria? De acordo com Marcuse, isso cabe àqueles cuja ascensão não é permitida pela sociedade moderna, aos grupos minoritários à margem da sociedade que o bem-estar geral não conseguiu (ou não se interessou em) incorporar. E, neste sentido as interpretações de Michael Löwy e Daniel Bensaid², dois pensadores Marxistas-Trotskystas atuais, se identificam plenamente com essas conclusões de Marcuse.

Todos os filósofos que participaram até então da formação de Marcuse tiveram sua importância grandemente diminuídas quando foram editadas as obras da juventude de Karl Marx em 1932. Marcuse foi um dos primeiros a interpretar criticamente os “Manuscritos Econômico-filosóficos” de Marx e “pensava haver encontrado neles um fundamento filosófico da economia política no sentido de uma teoria da revolução”. Para ele, não era mais necessário recorrer a Heidegger para fundamentar filosoficamente o marxismo, já que viu no próprio Marx a possibilidade desta fundamentação.

Foi de Marx que embasou sua crítica ao Nacionalismo e aos efeitos que o capitalismo burguês veio ter na vida das pessoas. Também veio de Marx a proposta de que, com o desenvolvimento da tecnologia e do capitalismo como um todo, em conjunto com uma ação prática-revolucionária da sociedade, poderemos alterar as nossas condições e erguer uma nova organização social, que possibilite uma vida melhor para as pessoas, e onde elas não sejam bestializadas e alienadas. Marcuse procurou esboçar caminhos que nos levassem para além da organização sócioeconômica atual.

Podemos perceber, em “Eros e Civilização”, outro livro de sua autoria, um diálogo constante que Marcuse manteve com a obra Freudiana. Uma grande influência de Freud foi a busca da felicidade do ser humano, que veio através da satisfação dos desejos individuais. As pessoas hoje seriam infelizes porque a sociedade bloqueia a realização de seus desejos, e devemos tentar reverter essa situação. Será utilizado muito da teoria da psicanálise, também, para explicar o comportamento das pessoas na sociedade atual; por exemplo, como atuam suas pulsões e como procuram realizar ou reprimir os seus desejos.

E enquanto a matança continua, não importa mais quantos morreram ou deixaram de morrer. Não importa se prenderam ou executaram o(s) autor(es) do ato, como também não importa se este foi terrorista ou passional... O que de fato importa é constatar que a sociedade estadunidense, é inegavelmente o aglomerado humano mais violento da história! E o que importa finalmente é comprovar que o capitalismo em sua etapa de “barbárie” total não encontra limites à sua eminente implosão.

Portanto, orem os que rezam, torçam os que ainda acreditam na sobrevivência da espécie, mas, ou surge alguma alternativa ou locupletamo-nos todos... porque a classe dominante só foca o lucro, a exploração e a depender dela já estamos no fim os tempos! Os filmes de “zumbis” que o digam!

1. “Unidimensional Man” foi lançado no Brasil pela “Zahar Editores” em 1964 com o título de “Ideologia da Sociedade Industrial”

2. Ideias expostas em “Marxismo, Modernidade e Utopia”. Editado em 2000 pela “Editora Xamã”, São Paulo
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Um comentário:

Joelma disse...

Antes de mais nada A-DO-REI a imagem de zumbis que ilustra seu artigo.
Zumbis foram criados pela "cultura" capitalista como semi-vivos tentando sobreviver ao sistema que os devora! Algo pavoroso que substituiu os "comunistas" comedores de criancinhas e velhinhas bondosas, gordinhas e de coque, fabricantes de geléias de morango artesanais. Argh!!!, esta sociedade americana e seus valores "carochinescos"!
Olha, Dom Oliva, trazer Herbert Marcuse de volta foi BRILHANTE. E como deixas claro: hoje ele pode ser muito mais bem entendido.... O "Homem Unidimensional" está aí ao nosso lado. Terrível, mas é!
Fico pensando como vai se fazer uma revolução com as condições históricas em que nos encontramos. Terrível, mas tambem é!
A burguesia comprou o proletariado, o alienou incorporando-o ao sistema. Vamos fazer uma revolução com lumpens e mendigos? Terrivel, mas parece que as alternativas não são lá muito favoráveis!
Vemos no dia-a-dia o povo, os povos se rebelando de forma anárquica, sem lideranças conscientes, sem um rumo definido..... Aonde vamos parar?
O capitalismo faliu. agonizou e já morreu! Sobrevive tal e qual um zumbi devorando o que lhe passa à frente. Vamos ver até quando consegue se manter dessa forma!