Este blogue é uma miscelânea de pensamentos sobre os mais variados assuntos. Tem recuerdos, críticas variadas, abordagens da situação política e social no Brasil e no mundo, pensamentos diversos, contos, lixo cultural. Tudo sem sequência e sem compromisso de continuidade.
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
Temer o Temer (Republicação)
Desde que postei esta Pensata, em janeiro de 2011, pensava em republica-la. Afinal de contas, e sem dúvida ela reflete exatamente o que este (hoje golpista) sempre representou para o país. Bem, segue...
Eu sempre achei que ele tinha alguma característica transilvaniana... Em outras palavras, olhava para ele e me lembrava do Conde Drácula. Mas olha, isso bem antes mesmo dele ser candidato a vice presidente.
Está ai, o quadro comparativo de Temer x Lee, talvez o mais conhecido dos Dráculas da história do cinema. Na minha opinião, o vice é muito mais convincente do que o famoso ator... Só resta alertar, afinal ele está no PMDB, um partido que tem em seus quadros, entre outros sanguesugas, o Sarney. Aliás um partido em que eu dou crédito apenas ao histórico Pedro Simon. Ou será que tem mais alguem?
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Minhas Pensatas dos outros
A eleição presidencial e a sombra do protecionismo
Por Luiz Felipe de Alencastro (Destak)
Desde anteontem à noite, no meio do debate entre Hillary Clinton e
Trump, as bolsas começaram a subir, festejando a vantagem da candidata.
Um gráfico do site especializado Business Insider
mostra a alta progressiva do índice S & P 500 a partir do começo do
debate. Os mercados globais, sobretudo asiáticos, também registraram a
mesma tendência de alta.
O motivo é conhecido, Trump é um
candidato protecionista que anuncia uma guerra tarifária para barrar
produtos chineses ou mexicanos no mercado americano. Um candidato que é a
favor dos capitalistas (sobretudo americanos) mas contra o capitalismo
(sobretudo chinês). O paradoxo é tanto mais patente que os republicanos
são historicamente favoráveis ao Estado mínimo, ao livre comércio e à
globalização. Porém, no mundo pós-brexit as cartas ficaram mais embaralhadas.
Próximos dos sindicatos americanos, os democratas são mais
protecionistas e Bernie Sanders acentuou a oposição do partido à
globalização durante as primárias democratas. Inicialmente favorável ao
TPP - Trans Pacific Partnership (tratado comercial incluindo os EUA e
onze outros países do Pacífico) -, Hillary Clinton passou a criticar o TPP para atrair os eleitores de Sanders.
No debate
de segunda-feira, atacada por Trump a respeito de sua mudança de
opinião sobre o TPP, Hillary evitou falar diretamente sobre o tratado,
mas salientou suas reservas quanto aos acordos comerciais americanos :
"Nós somos 5% da população mundial, nós temos que ter trocas com os
outros 95%. E nós temos que fazer acordos comerciais inteligentes e
justos ('smart, fair trade deals')".
Como observou Ana Swanson no Washington Post, as restrições exprimidas pelos dois candidatos coincidiram com a
publicação de uma relatório da Organização Mundial de Comércio, sediada
em Genebra e dirigida pelo brasileiro Roberto Azevedo.
Revisando para baixo suas previsões elaboradas há pouco tempo, a OMC calcula
agora que o comércio mundial aumentará 1,7 % neste ano, em vez de 2,8%
como havia sido previsto em abril deste ano. Para 2017, o crescimento do
comércio também foi revisto para baixo. A OMC calcula agora que a taxa
estará numa faixa situada entre 1,8% e 3,1%, contra a previsão de 2,8%
feita em abril. Segundo a Organização, pela primeira vez nos últimos 15
anos, o crescimento do comércio internacional será inferior ao
crescimento da economia mundial.
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
Cuba condena o golpe parlamentar no Brasil
A atuação dos 20 senadores brasileiros
que votaram contra o impeachment foi
destacada como uma “atitude digna” em documento do parlamento cubano. Tambem é
destaque que grande parte dos parlamentares brasileiros favoráveis ao golpe
estão envolvidos em escândalos de corrupção e “carecem de autoridade moral para
destituir uma mandatária passando por cima do povo que a elegeu”.
No documento, o congresso
cubano também denuncia a cumplicidade e o apoio do imperialismo estadunidense, de
importantes setores oligárquicos internos e externos e dos grandes meios de
comunicação para a instalação do clima de insatisfação popular a fim de
justificar o golpe. “Pelos anúncios e projeções reveladas, as forças que
controlam o poder se encaminham para desmontar os programas sociais de
benefício popular, a proteção aos trabalhadores e o emprego, aprofundar as
políticas neoliberais e facilitar a extração de recursos naturais a favor das
grandes transnacionais”.
“Admiramos a firmeza e
integridade apresentada pela companheira Dilma que em todos os momentos assumiu
de maneira digna e valente uma atitude decorosa, ao não renunciar a seus
princípios sob nenhuma circunstância”, diz ainda a nota.
A Comissão de Relações
Internacionais do parlamento de Cuba convoca os legisladores de todo o
continente e de todo o mundo a condenar o golpe parlamentar e reforçar a
solidariedade com o povo brasileiro para exigir que a vontade expressada nas
urnas por 54 milhões de eleitores seja respeitada.
“Junto a nosso governo revolucionário,
ratificamos a solidariedade dos parlamentares cubanos com a presidenta Dilma e
o companheiro Lula, com o Partido dos Trabalhadores e outras forças políticas
de esquerda aliadas, e expressamos a confiança de que o povo brasileiro
defenderá as conquistas sociais alcançadas das políticas neoliberais que tentam
impor e do saque de seus recursos naturais”, encerra o documento.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Se correr o Trump pega, se ficar a Hillary come!
Aconteceu
ontem o primeiro debate entre Donald Trump e Hillary Clinton...
Amado
por uns e odiado por tantos outros, Donald Trump é uma figura constante no
noticiário, não só por ser um dos candidatos à presidência dos Estados Unidos,
mas também pelas diversas polêmicas em que vive se metendo.
A
personalidade de Trump é certamente de extremos, qualquer que seja o ângulo por
que seja abordado, e é particularmente rara num candidato presidencial. Muitas
pessoas que deparam com este homem (em negócios ou em entrevistas ou num palco
de debate ou assistindo a esse debate na televisão) parecem achá-lo desconcertante.
Tentarei desvendar os seus traços de temperamento básicos, estilos cognitivos,
motivações e auto-representações que em conjunto constituem o seu tão
particular desenho psicológico. O objetivo é desenvolver uma perspectiva
imparcial e analítica, baseada em algumas das mais importantes ideias e
descobertas da investigação nas ciências da psicologia atuais.
Tal
como George W. Bush e Bill Clinton (e Teddy Roosevelt, que está no topo da
lista de extroversão presidencial), Trump representa o seu papel de forma
expansiva, exuberante e socialmente dominadora. Consegue aguentar-se dormindo
muito pouco. No seu livro de 1987, The
Art of Deal, Trump descreveu os seus dias como recheados de
reuniões e telefonemas. Cerca de três décadas depois, continua incessantemente
a interagir com as pessoas — em comícios, em entrevistas, nas redes sociais
Para
começar, podemos afirmar que existe uma corrupção generalizada do processo
eleitoral nos EUA; que não existe controle sobre a capacidade dos ricos para
comprar as eleições no país. Em consequência, a palavra “democracia” é sinônimo
de farsa e de piada de mal gosto, nos EUA e no exterior.
A
tendência de Trump para a ambição social e a agressividade era já evidente
desde tenra idade, como veremos mais tarde. (Segundo o que o próprio conta, uma
vez deu um soco no seu professor de Música do segundo ano, deixando-o com um
olho preto) De acordo com Barbara Res, que no início dos anos 1980 foi encarregada
da construção da Trump Tower em Manhattan, o núcleo emocional à volta do qual
gravita a personalidade de Trump é a raiva. “No que à raiva diz respeito, isso
com certeza que é real. Ele não está a fingir”, declarou ao The Daily Beast em
Fevereiro.
Quanto a
Hillary Clinton, transcrevo abaixo parte do texto da entrevista do colaborador deste
blogue, Jorge Vital de Brito Moreira,
que a define muito bem:
“A
candidata Hillary Clinton, através da Fundação Clinton,
administrada por ela e pelo marido (o ex-presidente dos EUA) Bill Clinton, tem
recebido “doações” dos estados terroristas da Arábia Saudita, de Kuait, do
Qatar, do Omã, da Argélia, Austrália e outras. Tem recebido dinheiro de
corporações multinacionais como a ExxonMobil, a General Electric, a Coca-Cola,
a Microsoft de Bill Gates, e até, no passado, de Donald Trump. E como estava
previsto, tem recebido dólares dos maiores bancos de Wall Street tais como
Goldman Sachs, J.P. Morgan e outros. Do Brasil, Hillary Clinton tem recebido
dinheiro de grandes bancos, corporações e empreiteiras brasileiras tais como o
Itaú Unibanco, o Banco Santander Brasil, Andrade Gutierrez etc.
Para
começar, podemos afirmar que existe uma corrupção generalizada do processo
eleitoral nos EUA; que não existe controle sobre a capacidade dos ricos para
comprar as eleições no país. Em consequência, a palavra “democracia” é sinônimo
de farsa e de piada de mal gosto, aqui e no exterior.
Ainda em
relação à candidata do partido democrata, já muitos estadunidenses estão
informados das espertezas características da senhora Clinton em suas atitudes,
políticas, declarações, especialmente durante o período em que foi Senadora e
logo, Secretária de Estado: Hoje a esquerda estadunidense e internacional está
informada que a candidata Hillary, sendo discípula do ex-secretário de guerra
Henry Kissinger, apresenta muitas das mesmas características e atitudes do seu
orientador tais como as mentiras sistemáticas, a demagogia, os crimes de
guerra, o terrorismo de estado e atuação militarista que beira ao genocídio.”
domingo, 25 de setembro de 2016
A plutocracia capitalista tratará de destruir qualquer projeto democrático (no Brasil ou internacionalmente) para estabelecer uma sociedade fundada na justiça social e na soberania popular
Entrevista do sociólogo Jorge
Moreira a Catherine M. Bryan sobre o golpe de estado no
Brasil (II), publicada originalmente em Cato-Verde CMB (EUA).
C.B. Prof. Jorge, desde a publicação da
primeira parte desta entrevista, o Senado brasileiro destituiu Dilma Rousseff
como presidente do Brasil legitimando um golpe de estado contra 54 milhões de
votos brasileiros que a elegeram democraticamente. Como suspeitávamos na
primeira parte desta entrevista, o golpe de estado foi finalmente consumado e o
vice-presidente golpista Michel Temer assumiu o comando do país até o final de
2018 no meio de fortes manifestações de protesto contra a sua política de
recortes salariais (para o rebaixamento dos níveis de vida e de bem estar
social dos trabalhadores brasileiros) e contra as suas políticas de
privatização da riqueza brasileira a favor do domínio de classe da plutocracia
neoliberal. Como você recebeu as notícias sobre esses últimos acontecimentos?
J.M. Bom, como nós
antecipávamos na primeira parte desta entrevista, toda a mascarada carnavalesca (o
impedimento ou o impeachment de
Dilma), tramada por essa
gang (quadrilha) de políticos
corruptos e usurpadores do PMDB (Michel Temer, Eduardo Cunha,
Renan Calheiros, o ex-presidente José Sarney, etc.), do PSDB (Aécio Neves, José
Serra, Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, etc.),
tramada pelos empresários da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo), pela mídia corporativa (Rede Globo de Televisão da família de Roberto
Marinho, pela imprensa de direita do Brasil, as revistas Veja e Isto é, os jornais
a Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, etc.), e pela
máfia jurídica, foi, (dentro da história da luta de classes entre o capital e o
trabalho), uma farsa para justificar e legitimar o golpe de Estado no Brasil.
Toda essa encenação teatral não
passou de um ritual; não passou de uma "missa fúnebre" para enterrar
a "democracia" brasileira (iniciada através do pedido de
“impeachment” da presidente que foi acatado pelo corrupto presidente da Câmara,
Eduardo Cunha) pois ela já tinha sido
assassinada pela decisão dessa gang
de usurpadores de afastar ilegalmente a presidente Dilma Rousseff do exercício
de suas funções constitucionais.
C.B. Você se
refere aos políticos do PMDB e do PSDB como líderes do golpe de estado e
sabemos que, atualmente, o senhor José Serra do PSDB está no cargo de primeiro
ministro do governo golpista. Também sabemos que, como atual primeiro ministro,
foi acusado de tentar subornar alguns membros do Mercosul para se posicionarem
contra o governo do presidente Maduro da Venezuela...
J.M. Muitos
brasileiros sabem que tanto José Serra como Fernando Henrique Cardoso (líderes
do PSDB), ou como Michel Temer e Eduardo Cunha (líderes do PMDB) são quatro dos
políticos mais corruptos dos que nasceram no Brasil. Uma prova do que acabo de
dizer apareceu recentemente no noticiário brasileiro quando Marcelo Odebrecht
denunciou que Michel Temer e José Serra receberam milhões de reais da Norberto Odebrecht, a corporação
multinacional, propriedade
de sua família. As noticias revelam que José Serra (ministro do governo golpista
de Michel Temer, aliado e cúmplice do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso)
recebeu, via caixa 2, o equivalente a R$ 23 milhões de reais (1) e que o
próprio vice-presidente Michel Temer também recebeu a bagatela de
R$ 10 milhões da Norbert Odebrecht (2)
Mas apesar da denúncia, a denominada “justiça brasileira”, não tomou
cartas no assunto: Temer, continua no cargo (usurpado) de Presidente do Brasil
e José Serra foi colocado no cargo de primeiro ministro. Eles viajaram, com
toda a impunidade, sem nenhum impedimento, à China para participar da reunião
dos países do grupo F-20 como mandatários do nosso país.
Outro exemplo de corrupção do PSDB que está registrado na minha memória,
faz 20 anos, está relacionado à submissão do governo de Fernando Henrique
Cardoso e José Serra ao “Consenso de Washington”; tambem está relacionado à
submissão do Brasil às diretrizes da política neoliberal de privatização
desenhada pelos EUA para o nosso país. A submissão desses políticos do PSDB ao
Consenso de Washington só pôde ser implementada através de uma incrível
política antipatriota de entreguismo (do patrimônio nacional/estatal), de
corrupção e suborno, que foi finalmente denunciada, muitos anos depois, por
dois importantes livros, A Privataria
Tucana, do premiado jornalista brasileiro Amaury Ribeiro Júnior (3) e O Príncipe da Moeda, do professor, escritor e crítico brasileiro
Felisberto Vasconcellos, livros que
tem desmascarado o governo antipatriota e antidemocrático de Fernando Henrique
Cardoso e do PSDB (4).
C.B. Falando
um pouco mais sobre as recentes manifestações de protesto realizadas nas
cidades do Brasil (principalmente nas avenidas de São Paulo e do Rio de
Janeiro) contra o golpe de estado, os manifestantes tem se expressado
claramente gritando uma consigna que parece ser uma repulsa definitiva ao golpe
de estado: “Fora Temer”. Gostaria de saber a sua opinião, e quais são os
matizes que podemos encontrar por detrás
dessa consigna: “Fora Temer”?
J.M. As fortes
manifestações e consignas contra Michel Temer (sobretudo a consigna “FORA
TEMER”), começaram a se expandir e generalizar desde que ele apareceu na
cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no Brasil. A vaia e o protesto geral
contra o Temer foi tão notável e crescente que ele se acovardou e, amedrontado,
já não compareceu à cerimonia de encerramento dos jogos Olímpicos. Não tenho dúvida que a consigna “Fora Temer”
é muito importante porque revela o descontento e a repulsa da população
brasileira (não somente dentro das cidades do país, mas também no exterior)
contra Temer. No último dia 7 de Setembro, por exemplo, quando Michel Temer
apareceu em público para celebrar o Dia
da Independência do Brasil, recebeu o repúdio da vaia massiva da população
brasileira (5)
Agora devo informar que, desde meu ponto de vista, a consigna “FORA
TEMER” é uma espécie de guarda-chuva abstrato. Eu acredito que debaixo deste guarda-chuva,
se encontram diferentes posições e matizes ideológicos. Por exemplo, sei de
brasileiros que não querem o golpista Temer como presidente do Brasil porque
desejam a volta de Dilma como presidente. Sei de outros brasileiros que não
querem o golpista Temer como presidente mas tampouco querem a volta de Dilma
Rousseff; esses brasileiros querem a realização de novas eleições para o país.
Outros brasileiros querem simples e sinceramente que o PT volte ao poder, com
Lula, com Dilma, ou mesmo sem ela.
Também, sei de brasileiros da classe média, membros ou eleitores do PSDB
que gritam “Fora Temer” porque querem colocar no seu lugar um representante do
PSDB que seja mais ilustrado que Temer e que represente um retorno mais radical
do Brasil às antigas privatizações dentro das diretrizes do Consenso de
Washington via o Fundo Monetário Internacional (FMI); um retorno as mesmas
diretrizes e estratégias que já foram implementadas pelo PSDB durante o governo
entreguista do Fernando Henrique Cardoso. Um retorno que seria excelente para o
grupo minoritário mais rico do país, mas que seria mais uma desgraça para o
povo trabalhador da nação brasileira.
Li uma recente entrevista do Prof. Boaventura de Sousa Santos, “Serra é o
homem dos EUA no governo” advertindo para essa provável futura realidade
brasileira: o retorno do PSDB seria um retrocesso e uma desgraça ainda maior
não somente para a nossa frágil democracia, mas também para o Mercosul, para os
BRICS e para toda forma de emancipação sócioeconômica e cultural dos
trabalhadores brasileiros que tem lutado para a realização do projeto de uma
América Latina unida, soberana, autônoma e independente dos governos dos EUA
(6). Nessa perspectiva, o governo Michel Temer, sem credibilidade e sem
legitimidade poderia ser o “novo boi de piranha” para por fim “a operação
Lava-Jato” e para justificar “o golpe” do PSDB dentro do golpe de estado
encabeçado por Temer. Já o advogado-geral
da União, Fábio Medina Osório, demitido recentemente pelo próprio Michel Temer
resolveu quebrar o protocolo e abriu o bico para a revista Veja, denunciando que o governo golpista o demitiu porque quer
abafar a operação Lava-Jato (7).
C.B. “Boi de
piranha”? O que significa esta expressão?
J.M. No Brasil, a
expressão “boi de piranha” tem uma utilização descritiva e uma metafórica.
Quando os donos de um rebanho de bois e vacas querem cruzar um trecho do rio
São Francisco infestado das temíveis piranhas, eles costumam sacrificar uma ou duas
cabeças de gado, para atravessar o rio com segurança. Para atrair as piranhas,
eles fazem cortes em varias partes do corpo dos animais sacrificados, deixando-os
banhados em sangue, na parte mais rasa do rio. Enquanto as piranhas devoram os
animais ensanguentados, os demais animais do rebanho atravessarão o rio sem
perigo. No caso do golpe de estado parlamentar do PMDB/PSDB no Brasil, a
expressão “boi de piranha” é uma metáfora para indicar que a cassação do
corrupto ex-presidente da câmara do PMDB, Eduardo Cunha, não passou de um
expediente ritual para dar aparência de que a justiça política brasileira está
funcionando contra a corrupção, mas o objetivo crucial é, por um lado cancelar
a operação Lava-Jato e excluir o grupo da liderança do governo neoliberal.
C.B. Para trazer uma outra dimensão a nossa
entrevista, (e considerando a atual conjuntura histórica no Brasil) qual
tem sido a função social e simbólica da produção cultural e estética dos
artistas e dos intelectuais brasileiros nesse processo político que resultou no
golpe de Estado?
J.M. A sua pergunta sobre as relações entre estética, cultura,
ideologia e política no Brasil é muito ampla e complexa e não terei espaço nem
tempo para respondê-la com a amplitude e complexidade que ela merece; tão pouco
estou capacitado e atualizado para opinar sobre a recente produção cultural
simbólica brasileira dos últimos anos. No entanto, acredito que posso tratar de
respondê-la de uma forma algo limitada e abreviada, isto é, através da
perspectiva da minha memória pessoal e de uma retrospectiva histórica que tome
o atual golpe de estado do PMDB e do PSDB como resultado do processo de luta
política e cultural que vem se desenvolvendo no Brasil pós ditadura militar de
1964 até os nossos dias.
O filme Terra em Transe, de 1967, é uma das
obras primas do cineasta Glauber Rocha (e na minha opinião ao lado dos filmes
de Sergei Eisenstein, um dos melhores filmes políticos de todos os tempos),
pode ser descrito como a mais poderosa alegoria da historia dos golpes de
estado e do populismo no Brasil e na América Latina (8); golpes de estado que
são instrumentos da direita nacional e internacional para defender os interesses
do capital financeiro e das corporações multinacionais.
Assim, o filme Terra em Transe trata de representar,
numa forma explosiva e indignada, o teatro político (a mascarada carnavalesca)
que resultou na tragédia do golpe militar de 1964 numa nação/país alegórico
“Eldorado”: Brasil/América Latina.
A explicação ou
racionalidade histórica do filme Terra em
Transe se origina na lógica da economia política marxista da luta de
classes, do colonialismo, do imperialismo e da traição da burguesia nacional e
do populismo ao povo brasileiro. Esta é a mesma lógica que, em minha opinião,
explica a realização do recente golpe de estado contra o governo
democraticamente eleito de Dilma Rousseff.
Mas, apesar da
extraordinária síntese cognitiva da visão cinematográfica desse transe da
sociedade brasileira, durante e depois do golpe militar, o filme foi pouco
compreendido pelo reduzido número de espectadores que tiveram acesso ao filme
que, por sinal, esteve censurado e perseguido pela ditadura militar brasileira por
muito tempo. Apesar do seu conteúdo político (e da sua forma artística
inspirada no teatro politicamente revolucionário de Bertolt Brecht), o filme
foi lido de um modo inadequado. Em minha opinião, o filme foi lido na época de
forma superficial e um tanto quanto despolitizada pelos novos movimentos
artísticos e musicais que lhe sucederam (como o movimento tropicalista, por
exemplo). Ao tratar de interpretar a alegoria de Terra em Transe, estes movimentos enfatizaram mais o lado
fragmentário (que problematiza o sentido) do filme do que o seu lado
totalizador (que afirma o sentido). Por isso, o lado totalizador do filme ficou
em segundo plano; e, para mim, é o lado totalizador do filme que revela o
sentido e a lógica da dominação e exploração do capitalismo imperialista que
foi o fator determinante do golpe militar de 1964 e da história do nosso país
até hoje.
Por esta via, os
representantes mais destacados do movimento tropicalista (como os notáveis
compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil) por exemplo, se distanciaram da
visão dialética, politicamente marxista do filme Terra em Transe e se dedicaram a celebrar as oposições
culturais antagônicas mais a tono com o movimento modernista de 1922.
Assim, o filme Terra em Transe, que enfatizava a lógica
da luta de classes e do imperialismo no Brasil, foi transformada, na produção
tropicalista da época, numa visão liberal para celebrar oposições culturais
entre o lado arcaico e o lado moderno do país; para celebrar oposições
“chocantes/aberrantes/cafonas” e “absurdas” da relação entre
modernidade/tradição na nação brasileira, como podemos observar nas letras da música
“Tropicália” gravada pelo Caetano
Veloso: “Viva a bossa, viva a palhoça”,
“viva Iracema, viva Ipanema”. A música “Tropicália”, composta e cantada
por Caetano Veloso (9), se transformou no nome do disco/álbum coletivo do fundador
do movimento tropicalista (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Rogerio
Duprat, Tom Zé, etc.) e foi emblemática daquele período de despolitização
social e econômica: o disco coletivo (10) também funcionou ideologicamente como
uma espécie de manifesto do movimento tropicalista.
Embora o movimento
tropicalista tenha contribuído artisticamente para ampliar a discussão cultural
brasileira, promovendo o retorno do modernismo de Osvaldo de Andrade,
questionando a mística das raízes nacionais, e misturando linguagens, textos e
tradições, o movimento não se destacou por denunciar o lado da dominação e
exploração burguesa da classe trabalhadora que, por seu lado, já havia sido
exposta pelo modernismo da escritora Patrícia Rehder Galvão (conhecida pelo
pseudônimo de Pagu) no romance O Parque
Industrial (11).
Uma das críticas
culturais mais relevantes ao movimento tropicalista daqueles anos pode ser
encontrada no original ensaio "Notas sobre a cultura e a política,
1964-1969", do professor e crítico cultural, Roberto Schwarz, que viu no
tropicalismo uma rendição inconsequente ao mercado capitalista e uma adesão ao
projeto de modernização conservadora proposto pela ditadura militar (12).
Com a vitória e
imposição da ditadura, a mídia corporativa, liderada pelo sistema Globo de
Televisão e associadas (a ditadura vídeo-financeira da burguesia
nacional/internacional) utilizavam tanto a telenovela, como a Música Popular
Brasileira, a MPB, (incluindo programas com apresentações e composições tanto
de Roberto Carlos como de Caetano Veloso e os tropicalistas) para legitimar e
assegurar as relações entre a estética e a política que eram inócuas ao modelo
político autoritário-fascista de dominação da ditadura.
Assim, a telenovela,
a MPB tropicalista e pós-tropicalista, funcionavam, direta ou indiretamente,
como instrumentos de propagação da ideologia liberal capitalista combinada com
os valores da modernização conservadora implantada pela ditadura brasileira e
pela ditaduras latinoamericanas (Chile, Argentina, Uruguai). Muitos, hoje
sabemos, que o colaboracionismo da mídia corporativa capitalista servia para
esconder os crimes da “Operação Condor” e os dados devastadores da expansão do
neoliberalismo (do Milton Friedman e dos Chicago Boys) na América Latina.
Neste processo, a
mentalidade da opinião pública da classe média brasileira e do público em geral
foi despolitizada e alienada pelas telenovelas (os melodramas) da TV Globo (que
eram as líderes de teleaudiência nacional), pela cooptação de inúmeros artistas
(músicos, pintores, desenhistas) e pelos intelectuais da esquerda brasileira
que trabalhavam para a TV Globo de Roberto Marinho.
Em outras
palavras, uma parte significativa da intelectualidade, dos artistas brasileiros
foram cooptados pelo deslumbrante encanto televisivo e financeiro da TV Globo e
da mídia corporativa brasileira. É através desse processo sócioeconômico-político-cultural
dessa nova conjuntura criada pela indústria cultural de caráter imperialista,
que podemos entender grande parte da trajetória despolitizada do tropicalismo
de Caetano Veloso, de Gilberto Gil, na sociedade brasileira (Vejam Schwarz)
Atualmente, esse
processo de despolitização da sociedade brasileira através dos representantes
do movimento tropicalista pode ser observado nas variações da ideologia e
atitudes de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Por exemplo, em 1983, o jornalista
Paulo Francis denunciou num artigo jornalístico, a subordinação acrítica do
Caetano Veloso diante do “charme” e “encanto” do artista Mick Jagger (o
superstar dos “Rolling Stones”
endeusado pela mídia internacional). No artigo, Paulo Francis descrevia a forma
com que Caetano Veloso foi humilhado e zombado por Mick Jagger e ficou, como
bobo, sem se dar conta da humilhação que o líder dos Stones lhe fazia na entrevista que o compositor realizou ao Jagger
(13). Transtornado pela crítica reveladora de Paulo Francis, Caetano, em vez de
defender-se com argumentos plausíveis, apelou para o verbo e histericamente
atacou pessoal e moralmente ao Paulo Francis, chamando-o de “bicha”
(homossexual). O mais irônico, paradoxal da atitude do compositor baiano foi
que além de não poder justificar os adjetivos usado contra Francis, Caetano
esqueceu de lembrar que membros (irmão/irmã) da sua própria família imediata se
enquadravam na categoria com que ele tratava de denegrir o Paulo Francis,
contradizendo seu papel de figura liberal antiestablishment
em prol da liberdade individual (14)
O leitor poderá
observar outras poderosas críticas à problemática evolução política, ideológica
e artística do Caetano Veloso em dois textos relacionados ao livro Verdade Tropical do compositor baiano:
a) no lúcido e ácido artigo “Sem mentira não se vive”, do sociólogo Gilberto Felisberto
Vasconcellos (15); e b) no artigo “Verdade tropical: um percurso de
nosso tempo”, do professor e
crítico literário Roberto Schwarz (16).
Por aquela época
Caetano Veloso, já bastante fragmentado e alienado do nacional e do popular
brasileiro, começou a defender e a celebrar o governo “Consenso de Washington”
(Washington Consensus) do PSDB; defender o governo do presidente neoliberal e
corrupto Fernando Henrique Cardoso (FHC) e seu amigo e colaborador José Serra
(atualmente o ministro das relações exteriores do governo golpista de Michael
Temer). Como sabemos, Fernando H. Cardoso e José Serra (depois da sua submissão
socioeconômico e política ao Consenso de Washington e sua aliança com o PFL do
ex-governador Antônio Carlos Magalhães, “o Toninho malvadeza”) tem sido
considerados como dois dos maiores traidores do pensamento da esquerda latinoamericana
sendo considerados como alienadores (“vende-pátrias”) da riqueza nacional ao
capital das corporações multinacionais. Deste modo, a intervenção ideológica e
política de Caetano Veloso como artista nacional internacional globalizado está
bem próxima da posição ideológica
entreguista do PSDB. No seu caminhar para posições ideológicas de direita,
Caetano chegou ao ponto de se transformar (junto aos agentes da CIA) num
destacado detrator da heroica figura de
Che Guevara e da revolução cubana dentro da história latinoamericana.
Gilberto Gil, por
seu lado, também foi se fragmentando, se alienando artisticamente, e foi se
convertendo à ideologia neoliberal dominante chegando ao ponto de se
transformar num artista internacional globalizado que fez o jogo de Kofi Annan
e da ONU durante a guerra contra o Iraque: como sabemos, a questionada
Organização das Nações Unidas participou da farsa e das mentiras de George W. Bush,
inventadas para invadir e deflagrar a guerra contra o povo do Iraque. Como
neoliberal de estilo populista esquerdista Gilberto Gil ainda participou como
ministro da cultura do governo neoliberal e corrupto do presidente Luiz Inácio
da Silva, conhecido popularmente como Lula.
Para resumir, é
necessário dizer que a trajetória neoliberal, politicamente conservadora de
Caetano Veloso e de Gilberto Gil, culminou (na sua mudança ideológica para a
direita), na viagem que ambos fizeram para realizar shows musicais no Estado sionista e fascista de Israel, um dos
países que mais tem se destacado na implementação da sua abominável política de
invasão, de colonização, de guerra, de ocupação e apartheid nos territórios da população palestina (17).
C.B. Voltando ao
tema do golpe de estado e à relação entre corrupção e política, qual a sua
opinião das notícias sobre a corrupção na campanha democrata de Hillary Clinton, a candidata a presidente dos Estados
Unidos da América?
J.M. Para começar,
podemos afirmar que existe uma corrupção generalizada do processo eleitoral nos
EUA; que não existe controle sobre a capacidade dos ricos para comprar as
eleições no país. Em consequência, a palavra “democracia” é sinônimo de farsa e
de piada de mal gosto, aqui e no exterior.
A candidata Hillary Clinton, por
exemplo, através da Fundação Clinton, administrada por ela e pelo marido (o
ex-presidente dos EUA) Bill Clinton, têm recebido “doações” dos estados
terroristas da Arábia Saudita, de Kuait, do Qatar, do Omã, da Argélia, Austrália
e outras. Tem recebido dinheiro de corporações multinacionais como a ExxonMobil,
a General Electric, a Coca-Cola, a Microsoft de Bill Gates, e até, no passado,
de Donald Trump. E como estava previsto, tem recebido dólares dos maiores
bancos de Wall Street tais como Goldman Sachs, J.P. Morgan e outros. Do Brasil,
Hillary Clinton tem recebido dinheiro de grandes bancos, corporações e
empreiteiras brasileiras tais como o Itaú Unibanco, o Banco Santander Brasil,
Andrade Gutierrez etc. (18)
Ainda em relação a Hillary Clinton, a candidata do partido democrata, já
muitos estadunidenses estão informados das esperpênticas características da
senhora Clinton em suas atitudes, políticas, declarações, especialmente durante
o período em que foi Senadora e logo, Secretária de Estado: Hoje a esquerda
estadunidense e internacional está informada que a candidata Hillary, sendo
discípula do ex-secretário de guerra Henry Kissinger, apresenta muitas das
mesmas características e atitudes do seu orientador tais como as mentiras
sistemáticas, a demagogia, os crimes de guerra, o terrorismo de estado e
atuação militarista que beira ao
genocídio (19).
C.B. Você
gostaria de ser mais especifico neste ponto?
J.M. Por que não?
O que Hillary realizou como Secretária do Departamento de Estado dos EUA, pode
ser exposto em qualquer museu da história universal da infâmia como um
desempenho monstruoso: ela é a responsável pela implantação do golpe de estado
e pela ditadura em Honduras, ela é a responsável pelo hediondo assassinato do
chefe de estado líbio, o líder Muammar al-Gaddafi, assim como pela destruição
de uma das sociedades economicamente mais prósperas da África: a Líbia. Hillary
Clinton também é responsável pelo golpe de estado na Ucrânia e pelo constante
apoio à expansão da OTAN na Europa e pela sistemática provocação belicista
contra a Rússia e a China, além de trabalhar incessantemente a favor dos
interesses do estado colonialista de Israel contra a população da Palestina. É
uma das mais dedicadas lobistas do Complexo Industrial Militar, dos bancos de
Wall Street e do governo subimperialista e do apartheid do estado de Israel. Hillary Clinton é, como os políticos
Barack Obama e George W. Bush antes dela, uma das modernas desgraças políticas
dos EUA. Todos eles são indivíduos da mesma estirpe de políticos: aqueles que
tem promovido a sistemática desgraça no planeta Terra para favorecer o domínio
imperial dos EUA, para defender o poder econômico-financeiro de uma elite de
menos de 1%.
C.B. Qual é a
função antidemocrática do partido democrata de Hillary e do republicano de
Donald Trump na corrida eleitoral para o ano de 2016?
J.M. Como já
analisei em escritos anteriores sobre a luta de classes nos EUA, Hillary
Clinton, Bill Clinton, Barack Obama, os dois George Bush (pai e filho), o
Ronald Reagan, o candidato Donald Trump, todos eles são produtos políticos da
ditadura governamental estabelecida por dois partidos políticos que são
extremamente antidemocráticos e corruptos pois estão a serviço do sistema
plutocrático da minoria multibilionária, como já mencionei, de menos de 1% dos
estadunidenses. Os dois partidos, cada
um por seu lado, se complementam, pois na luta de classes, trabalham a favor
desta abominável oligarquia dos plutocratas estadunidenses.
C.B. Qual é na
sua opinião o papel da mídia corporativa no atual processo eleitoral dos EUA?
J.M. A candidata
Clinton, com a ajuda e a cumplicidade da mídia corporativa partidária do
Partido Democrata Nacional (cadeias de TV como MSNBC, revistas e jornais como Wall Street Journal, The New York Times, Washington Post e outros), empregaram várias técnicas para fabricar
consenso (“manufacturing consent”
como denomina Noam Chomsky) para beneficiar Clinton e marginalizar a Bernie
Sanders nas eleições primárias.
Com a ajuda da mídia corporativa, com cumplicidade dos líderes
democratas, como Barack Obama, Bill Clinton, Leon Paneta (ex-chefe da CIA), com
a ajuda e o apoio do lobby Israel-EUA
(AIPAC) e com o apoio do dinheiro dos bancos de Wall Street, das corporações
multinacionais, do complexo industrial militar, das petroleiras, não se
diferencia em nada dos políticos corruptos do partido republicano. E usaram
todo este poder antidemocrático para enganar a Bernie Sanders e aos eleitores
estadunidenses.
É bom repetir ao público leitor que a mídia corporativa, controlada por
democratas, pelo dinheiro de Wall Street, pelo Complexo Industrial Militar e
pelas companhias petroleiras não se diferenciam substancialmente em nada da
mídia corporativa (a Fox News, por exemplo) controlada pelo partido republicano.
C.B. Como se
manifesta a cumplicidade e a corrupção dentro da mídia corporativa dos EUA na
reprodução do sistema político capitalista estadunidense?
J.M. A mídia
corporativa (republicana ou democrata) é a mesma mídia que ajudou a
administração George W. Bush/Dick Cheney a promover o terrorismo de estado dos
EUA para invadir e assassinar o povo do Iraque, fundamentado nas mentiras da
própria administração Bush: na mentira de que o governo do Iraque tinha bombas atômicas
(“Weapon of Mass Destruction”) para
utilizar contra os EUA.
Hoje, essa mídia corporativa continua manipulando para manufaturar o
consenso para apoiar, como já mencionei, a nova guerra imperial: a guerra
hibrida dos EUA (do governo Barack Obama/Hillary Clinton) e da OTAN contra o povo
russo e do povo chinês. A imprensa corporativa dos EUA (seja controlada pelos
democratas ou pelos republicanos) se converteu em um dos mais poderosos
instrumentos do país para ajudar a deflagrar (voluntaria ou involuntariamente)
a terceira e última guerra mundial (20).
C.B. Qual o
seu comentário sobre o ultimo escândalo de corrupção dentro do partido
democrata gerado pelas revelações de Wikileaks, ou seja que o partido democrata
prejudicou consciente e voluntariamente o candidato Bernie Sanders para o beneficio
de Hillary Clinton?
J.M. A corrupção
dos líderes do partido democrata chegou a tal ponto que milhares de membros
eleitores do partido o estão abandonando; eles estão saindo do partido para,
por um lado, apoiar a candidata do Partido Verde, Jill Stein, enquanto outros
membros do partido democrata, por outro lado, estão tão indignados e frustrados
com a Hillary Clinton que chegaram ao ponto de apoiar o candidato republicano
Donald Trump. Por que? Porque, segundo informações, atualmente Donald Trump incorporou
umas quantas demandas socioeconômicas reveladas por Bernie Sanders quando
concorria a nominação democrata como, por exemplo, ser contra os acordos
antidemocrático da Parceria Transpacífico (The Trans-Pacific Partnership
,TPP), e da Parceria
Trans-Atlântica para Comércio e Investimento (Transatlantic Trade and
Investment Partnership TTIP) que
os EUA estão impondo, por um lado, aos países banhado pelo oceano Pacifico e
por outro lado, à União Europeia. Outros
eleitores, completamente desiludidos, se retiraram dessas eleições. Não vão
votar.
C.B. Que papel
tem jogado as informações reveladas por Wikileaks sobre a corrupção do processo
eleitoral para a presidência dentro dos EUA?
J.M. Não tenho
dúvidas que as informações de Wikileaks, forçaram a ex-presidente do Partido
Nacional Democrata, Debbie Wasserman Schultz, a renunciar a seu cargo de
presidente, porque foi revelada como responsável de ter estado manipulando as
informações sobre a candidatura de Bernie Sanders para beneficiar a Hillary
Clinton. Debbie Wasserman Schultz, foi acusada de ser falsificadora de dados e
de gerar situações muito negativas sobre a capacidade de Bernie Sanders para
ganhar as eleições estadunidenses.
Atualmente existe uma forte onda de protestos da juventude americana porque
embora Debbie Wasserman Schultz tenha anunciado a sua renúncia por ser uma
política corrupta e corruptora, ela continuou sendo apoiada, vergonhosamente,
por Hillary Clinton e por Barack Obama. E Wasserman Schultz acaba de ganhar sua
primaria senatorial na Flórida.
O mais ridículo e irresponsável da candidata Hillary Clinton é tratar de
distrair e enganar o publico americano sobre o ato de corrupção da sua
colaboradora, culpando (com a ajuda da média corporativa) a Rússia pelo
vazamento das informações (sobre a corrupção praticada por Debbie Wasserman
Schultz no partido democrata para lhe beneficiar em detrimento de Bernie
Sanders) para Wikileaks.
A proposito da atual corrupção e das características antidemocráticas do
Partido Democrata, o senador Bernie Sanders, foi o único político estadunidense
de importancia que denunciou o silêncio que os políticos democratas, Barack
Obama e Hillary Clinton, tem mantido em relação ao inconstitucional processo de
impeachment e ao golpe de estado
contra Dilma Rousseff no Brasil. (22)
C.B. A revolta
e os protestos da juventude americana se estendeu contra o próprio ex-candidato
Bernie Sanders quando ele aceitou ser derrotado pela corrupção do partido
democrata e finalmente apoiou a
candidatura de Hillary Clinton...
J.M. Sem dúvida, o
que mais indignou a juventude é que o candidato Sanders perdeu a oportunidade
de denunciar a corrupção de Wasserman/Clinton (junto à traição do partido
democrata) para romper com todos eles e se postular como candidato
independente, ou, como o candidato do Partido Verde tendo Jill Stein como vice-presidente.
Em outras palavras,
a capitulação, ou a cooptação de Bernie Sanders, sua fidelidade a Hillary
Clinton e ao partido democrata, revelou-se para a juventude como uma enorme
manipulação e uma profunda traição aos interesses dos seus jovens
defensores.
C.B. A palavra
“traição” é uma termo popular muito usado tanto na literatura (penso em Julius Cesar de Shakespeare) como na
vida cotidiana e amorosa para traduzir a
sedução e o engano numa relação entre indivíduos e coletividades. No âmbito
político e econômico também tem sido usado para definir a sedução e o engano
que poderosos líderes políticos utilizam para conseguir o voto dos eleitores. O
que você pensa do termo “traição” para qualificar negativamente o comportamento
dos líderes republicanos ou democratas em relação aos trabalhadores americanos
que lhes tem votado.
J.M. A palavra e o
ato de traição tem sido constantes na guerra entre classes sociais nos EUA e no
exterior. Para ficar nos exemplos recentes, vejamos a sistemática traição dos
ex-presidentes Bill Clinton (democrata) de George W. Bush (republicano) e do
atual presidente Barak Obama (democrata) aos trabalhadores estadunidenses para
beneficiar a ditadura da plutocracia estadunidense.
A ditadura da política econômica da plutocracia estadunidense na
sociedade americana está fundamentada, como já mencionei, politicamente na
ditadura dos dois partidos políticos corruptos: o partido democrata e o partido
republicano. Assim, podemos observar que os secretários do Tesouro dos EUA (os
Ministros da Fazenda), “selecionados” por democratas ou por republicanos, são
todos eles provenientes da elite financeira dos bancos de Wall Street,
sobretudo do Banco Goldman Sachs. Basta mencionar os nomes dos últimos
secretários do Tesouro estadunidense para fazer uma ideia clara do poder
ditatorial desta oligarquia financeira: Robert Rubin (governo de Bill Clinton),
Larry Summers (governo Bill Clinton) Henry Paulson (governo George W. Bush),
Timothy Geithner (governo Barack Obama), todos eles são provenientes do capital
financeiro conectado aos bancos de Wall Street.
Para os leitores não familiarizados com este tipo de hierarquia
ditatorial, informamos que o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos é o
titular que chefia o Departamento do Tesouro dos EUA. Ele é não somente a
autoridade governamental responsável pelos assuntos financeiros e monetários do
país (sendo semelhante ao Ministro de
Fazenda de outros países) mas também
forma parte do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
Também podemos observar que sucede a mesma coisa no “processo de
seleção” dos presidentes (chairman) do Federal Reserve, FED (o Banco Central
dos EUA): os últimos presidentes do FED, Alan Greenspan e Ben Bernanke, são
provenientes da mesma elite financeira dos bancos de Wall Street.
Assim, não importa quem seja o presidente dos EUA (democrata ou republicano), pois irá
defender os interesses de classe da plutocracia e irá nomear como Secretário do
Tesouro [e/ou presidente da Reserva Federal (FED)], nomes provenientes da elite
de Wall Street. Wall Street tem tido o poder de veto sobre todas as
principais posições do gabinete presidencial, e assim, em essência, a economia
está sendo liderada pelo setor financeiro para o setor financeiro.
C.M. O que
você pensa sobre a entrevista de Julian Assange sobre os dois candidatos
presidenciais ao governo dos EUA?
J.M. Na minha
opinião, Julian Assange tem toda razão quando afirma que “escolher entre Donald
Trump ou Hillary Clinton é como escolher entre a cólera e a gonorreia"
[“Choosing Between
Trump or Clinton is Like Picking Between Cholera or Gonorrhea”(23)]. No
Brasil, temos um dito para ilustrar ou metaforizar a situação: “se ficar o
bicho pega, se correr o bicho come”. Não existe mal menor entre os dois
candidatos. E a julgar pelo que sabemos da história política de Hillary Clinton
ela não é o mal menor, ela é o mal maior não somente para o Brasil como para
todo o mundo.
C.B. Na sua
opinião, existe atualmente algum grande país que tenha combatido com êxito a
corrupção governamental evitando a entrega da riqueza nacional (social e
coletiva) ao imperialismo ocidental?
J.M.
Até onde podemos evitar ser contaminados e enganados pelas noticias da
mídia corporativa capitalista ocidental (e dos EUA) contra o presidente Wladimir Putin; até onde podemos
conseguir informações fidedignas (através de meios de informação alternativos)
sobre o governo do presidente Putin, a minha opinião é a seguinte: Wladimir
Putin, é um dos grandes heróis do povo russo, de acordo com o altíssimo índice de aprovação do seu governo no país.
O que salta a vista na atuação do presidente Putin
na história social recente é o seu poderoso papel na defesa e na recuperação do
bem estar social do povo russo, depois da traição dos governos anteriores: do
cândido ex-presidente Mikhail Gorbachev (que ficou deslumbrado com o consumismo
ocidental); do embriagado e prostituído governo do ex-presidente Boris Yeltsin.
Acredito que o excepcional na presidência de Putin é: depois que Gorbachev e
Yeltsin abriram a riqueza da nação para os grandes oligarcas (Mikhail
Khodorkovsky e Boris Berezovsky), para as máfias organizadas pelos oligarcas
(24); depois que os oligarcas e suas máfias
quase destruíram a riqueza da nação russa (através da associação e
submissão aos interesses do imperialismo dos EUA e Europa), foram os dois
governos de Wladimir Putin que devolveram a integridade e o respeito nacional
ao povo russo que tinha ficado empobrecido, fragmentado e dizimado pelas
administrações anteriores, como explicarei adiante.
Como podemos observar pelos dados recentes, 4,5
milhões de russos morreram no início dos anos 90, por fome, por desemprego e
por doença (25). Antes dos governos de Gorbachev e de Yeltsin, o povo russo
viveu uma época de bem-estar social. E não podemos tão pouco esquecer que a
Rússia era um dos modelos de socialismo (que ainda não sendo o que
desejávamos), abria a possibilidade de que as nações do “Terceiro Mundo”, colonizadas
ou imperializadas pelas potencias ocidentais, pudessem se converter em países
onde predominaria a justiça e o bem estar social para toda a população (através
das mudanças estruturais realizadas na economia e na sociedade). Antes do
governo de Gorbachev e de Yeltsin, a Rússia também funcionava como uma grande
força defensora dos países progressistas, tais como Cuba, Vietnã e demais
países atacados pelo imperialismo dos EUA e Europa Ocidental.
Depois da traição dos governos de Gorbachev e
Yeltsin (deles entregarem a propriedade estatal e coletiva russa aos oligarcas
russos, deles passarem o poder e a soberania política às máfias dos oligarcas
russos), o presidente Wladimir Putin teve que lutar contra os inimigos,
internos e externos, para defender os interesses soberanos da Rússia contra os
interesses da máfia oligárquica russa associada ao imperialismo internacional.
Foi assim que, entre 2000 e 2004, Putin conseguiu
vencer as grandes disputas de poder entre os oligarcas russos. Esta vitória
está representada, por exemplo pelo controle e estatização da petroleira YUKOS,
uma empresa privada cujo dono era o chefe mafioso Mikhail Khodorkovsky, que foi
julgado e condenado na Rússia a nove anos de prisão por sete crimes, incluindo
roubo, fraude e sonegação fiscal.
Outros dos denominados sete oligarcas russos
fugiram do país como, por exemplo, Boris Berezovsky que escapou para Israel
(pois era cidadão israelense e não russo) para não ser condenado pelo governo
de Putin. Sabemos atualmente que os oligarcas russos eram indivíduos
extremamente ricos e poderosos que, por meio da violência, do roubo e da
corrupção ficaram com um percentual imenso (os informes falam de entre 70 e 80
por cento) dos recursos da Rússia, desde petróleo, à indústria do automóvel,
chegando aos meios de comunicação.
Como podemos comparar (guardando as devidas diferenças
e distancias) os indivíduos anti-nacionalistas russos referidos são
equivalentes aos golpistas e entreguistas brasileiros: Michel Temer, Eduardo
Cunha, José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves que estão buscando entregar o petróleo, o
Pré-sal e as riquezas do Brasil aos magnatas ocidentais da plutocracia
imperialista. E essa é, sem dúvida nenhuma, uma das razões fundamentais porque
o presidente Wladimir Putin é tão odiado, demonizado e execrado pelo governo
estadunidense, por Hillary Clinton e pela mídia corporativa associada que
defende os interesses imperiais plutocráticos dos EUA e Europa ocidental.
O mais absurdo é que a mídia corporativa ocidental
tem aumentado a sua capacidade
manipuladora para provocar e
ajudar a fomentar a próxima guerra nuclear contra a Rússia e a China como
podemos observar através da sistemática campanha escandalosa fabricada pelos
meios de (des)informação ocidentais contra o governo de Wladimir Putin e contra
o governo da China (26).
Faz apenas uma semana, o jornalista e cineasta
inglês John Pilsen e o jornalista Manuel
E. Yepe escreveram dois excelentes artigos (27) a respeito da decisão final do
"Tribunal Penal Internacional" de inocentar o ex-presidente Slobodan
Milosevich das acusações realizadas pelas potências ocidentais contra ele. Assim, o Tribunal Internacional para a
Iugoslávia, em Haia, exonerou o falecido
presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, de toda a culpa por crimes de guerra
cometidos durante a guerra da Bósnia de 1992-1995 incluindo o massacre de
Srebrenica.
Só depois do "Tribunal Penal
Internacional" concluir que todas as provas contra Milosevich eram falsas
e repletas de absurdas mentiras, o ex-presidente Milosevich foi finalmente
(depois de morto) declarado inocente por aquele Tribunal. Desta forma, o
jornalista e cineasta britânico John Pilger nos mostra como o ex-presidente dos
EUA, Bill Clinton, o ex-primeiro ministro Tony Blair (vejam os resultados que o
recente Relatório Chilcot revela
sobre a responsabilidade do ex-primeiro ministro Tony Blair sobre os crimes de
guerra contra a humanidade), e a ex-secretária de estado, Madeleine Albright,
foram ajudados pelos meios de comunicação corporativos no sentido de justificar
e legitimar o ataque sanguinário e ilegal da
OTAN à Sérvia em 1999. John Pilger sentencia, “O ataque da OTAN foi uma fraude.
E foi um crime de guerra.”Mas os crimes da OTAN não foram investigados. John
Pilger denuncia: “Em 2008, Carla Del Ponte, promotora do Tribunal Penal
Internacional para a antiga Iugoslávia, revelou ter sido pressionada a não
investigar os crimes da OTAN” (28).
Através da leitura do artigo de John Pilsen podemos
constatar que é sempre a mesma História Universal da Infâmia; uma história
produzida narrativamente por EUA/Europa com a ajuda da sua imprensa corporativa
contra todos os governos ou seres humanos que discordem da ditadura do
imperialismo (da ditadura do Capital Financeiro Ocidental, Complexo Industrial
Militar/OTAN e as corporações multinacionais de petróleo). Os que discordarem
serão as próximas vítimas das guerras e sofrerão a desgraça causada pela
hegemónica narrativa oficial do imperialismo.
Os exemplos são incontestáveis: depois da guerra e
da barbárie contra o ex-presidente Slobodan Milosevich e o povo sérvio, podemos
testemunhar, a mesma guerra e a mesma barbárie contra o governante Sadam
Hussein (através da mentiras das “armas de destruição massiva”) e o povo do
Iraque; podemos testemunhar a mesma guerra e barbárie contra o líder Khadafi e
o povo líbio; a mesma guerra e barbárie contra o governante e o povo da Síria,
a mesma barbárie contra o ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, e o povo
hondurenho. E assim, se seguirá ad infinitum, se não formos capazes de
parar a barbárie imperialista a caminho de provocar uma terceira guerra
mundial.
Neste momento, o governo de Barack Obama e seus
aliados europeus tratam, com a ajuda dos meios de comunicação corporativos, de
fazer a mesma coisa contra a Rússia e a China, mas como sabemos estes dois
países têm o que os outros não tinham: bombas atômicas e nucleares para se
defender da agressão do imperialismo ocidental.
C.B. Prof. Jorge, voltando às nossas perguntas
sobre a relação entre a destituição de Dilma Rousseff, o golpe de estado
consumado pelo vice presidente golpista Michel Temer e as fortes manifestações de protesto contra
a política de recortes salariais e de privatização da riqueza brasileira, que
perspectivas de lutas ainda são possíveis
no Brasil dentro desta pesada conjuntura?
J.M. O projeto
neoliberal do governo Michel Temer/José Serra (PMDB/PSDB) aliado ao
imperialismo americano tem como
objetivos centrais: por um lado, reduzir o papel do Estado, reduzir os
salários, cortar os gastos dos programas sociais, privatizar as empresas
estatais, especialmente a Petrobrás e o Pré-Sal; por outra lado, seus objetivos
são: desligar a educação e a saúde das despesas obrigatórias do Estado,
cancelar e/ou minimizar tudo aquilo que tem a ver com o desenvolvimento da
cultura, com os direitos humanos das
mulheres e das minorias éticas e culturais do Brasil. Este projeto neoliberal do PMDB/PSDB
aumentará a desigualdade e a injustiça social
entre os brasileiros, cancelando, simultaneamente, as poucas, mas
positivas conquistas socioeconômica dos governos Lula-Dilma. Em resumo, se
trata de um projeto que, devido a obsessão pela austeridade e pela concentração
da riqueza, irá aprofundar a crise econômica, social e política e colocará o
Brasil e a América Latina no caminho do mesmo retrocesso político, económico,
social e cultural que tem vitimado a Grécia e os países mais débeis da União Européia.
Para resistir ao projeto neoliberal do governo PMDB/PSDB e avançar na
direção de uma alternativa anti-capitalista, anti-liberal, antiimperialista e
popular é necessário e imprescindível que as forças progressivas da esquerda
brasileira (tais como o Movimento Sem Terra, MST, os sindicatos e as
organizações de trabalhadores urbanos e rurais, as organizações políticas dos
setores explorados e excluídos pelo capital, a comunidade de estudantes,
intelectuais e artistas revolucionários) sejamos capazes de descartar
definitivamente a ideologia e a pratica do populismo político do Partido dos
Trabalhadores; sejamos capazes de
aprender com os erros do governo do PT (as concessões estratégicas ao capital
financeiro, a alienação do PT no tocante
a uma autêntica organização e participação popular, reduzindo nossos
trabalhadores à condição de base eleitoral impotente e manipulável). Para lutar
eficientemente contra a dominação e exploração do capital necessitamos da ajuda
da teoria revolucionaria marxista para evitar cair, mais uma vez, no erro de
apostar todas as nossas cartas exclusivamente no “jogo democrático”, pois a essa
altura do campeonato, já deveríamos ter aprendido, com Marx, Lenin, Gramsci e
com as evidencias históricas, que as forças que tem destruído sistematicamente
a “democracia” em todo o mundo são as forças de direita produzidas pelo grande
capital e pelo imperialismo. No caso do Brasil, fica mais uma vez demonstrado,
que a direita neoliberal sempre vai se opor e destruirá (com todos os
instrumentos e armas que encontre a sua disposição como aconteceu com o golpe
de 1964) a qualquer projeto para criar uma sociedade fundada na justiça social
e na soberania popular, mesmo que, para alcançar os seus bárbaros objetivos,
tenha que destruir qualquer regime democrático nacional ou internacional.
1)A notícia da
corrupção do Ministro José Serra, via Norbert Odebrecht, pode ser localizada no
link do jornal A Folha de São Paulo:
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/08/1799887-jose-serra-recebeu-r-23-mi-via-caixa-2-afirma-odebrecht.html
2)A notícia da
corrupção do Ministro José Serra, via Norbert Odebrecht, pode ser vista no link
do Jornal do Brasil: http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/08/07/odebrecht-relatara-pedido-de-temer-para-campanha-do-pmdb-diz-veja/
3) A privataria tucana, Amaury Ribeiro Júnior. São
Paulo: Geração Editorial, 2011. (Coleção história agora ; v. 5).
4)
O Príncipe da Moeda,
Gilberto Felisberto
Vasconcellos. Rio de Janeiro: Editora Espaço e Tempo, 1997.
5) As ultimas
noticias sobre as manifestações brasileiras de repúdio e sob os gritos de “Fora
Temer” podem ser vistas e lidas no seguinte link: http://extra.globo.com/noticias/brasil/desfile-de-7-de-setembro-comeca-com-gritos-de-fora-temer-20066878.html
6) A entrevista
do professor Boaventura de Sousa Santos “Serra é o homem dos EUA no governo”,
pode ser lida no seguinte link http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/236127/%E2%80%9CSerra-%C3%A9-o-homem-dos-EUA-no-governo%E2%80%9D.htm
7) A noticia intitulada “Governo quer abafar a Lava Jato, diz AGU demitido”pode ser encontrado no link da Revista Veja: http://veja.abril.com.br/brasil/governo-quer-abafar-a-lava-jato-diz-agu-demitido/
8) Terra em
Transe é um filme brasileiro de 1967, roteirizado e dirigido por Glauber
Rocha e contou com a participação de notáveis atores brasileiros do período,
tais como Jardel Filho, Glauce Rocha, Paulo Autran, José Lewgoy, Paulo Gracindo
e outros, recebendo, durante a sua censurada exibições, vários prêmios em
festivais de cinema, nacionais e internacionais.
9) A música “Tropicália” se encontra na
primeira faixa do segundo álbum do compositor intitulado Caetano Veloso (1967)
da gravadora Philips Records.
10) O título do
álbum que inaugurou o movimento tropicalista se intitulava Tropicalia ou
Panis et Circencis e foi gravado em julho de 1968 pela gravadora Philips
Records.
11) Uma
discussão atualizada dessas relações se encontra no ensaio “Antropofagia and
Beyond: Patrícia Galvão’s Industrial Park in the Age of Savage Capitalism” da
professora Catherine M. Bryan da University of Wisconsin, Oshkosh. O ensaio
pode ser lido no link:
12) O extenso e
brilhante ensaio "Notas sobre a cultura e a política, 1964-1969",
do professor e crítico cultural, Roberto Schwarz se encontra no livro do autor, O pai de família e outros
estudos. Rio de Janeiro. Paz e Terra (1978), mas pode também ser
encontrado no seguinte link: http://tropicalia.com.br/eubioticamente-atraidos/visoes-brasileiras/cultura-e-politica.
Num dos
momentos pontuais do ensaio, Schwart compara uma das diferenças fundamentais
entre a revolucionária “estética da fome” de Glauber Rocha e a sua oposição
dentro do movimento tropicalista. Cito : ...” para obter o seu efeito
artístico e crítico o tropicalismo trabalha com a conjunção esdrúxula de
arcaico e moderno que a contra-revolução cristalizou, ou por outra ainda, com
o resultado da anterior tentativa fracassada de modernização nacional. Houve
um momento, pouco antes e pouco depois do golpe, em que ao menos para o
cinema valia uma palavra de ordem cunhada por Glauber Rocha (que parece
evoluir para longe dela): “por uma estética da fome”. A ela ligam-se alguns
dos melhores filmes brasileiros, Vidas Secas, Deus e o Diabo na Terra do Sol
e Os Fuzis em particular. Reduzindo ao extremo, pode-se dizer que o impulso
desta estética é revolucionário. O artista buscaria a sua força e modernidade
na etapa presente da vida nacional, e guardaria quanta independência fosse
possível em face do aparelho tecnológico e econômico, em última análise
sempre orientado pelo inimigo. A direção tropicalista é inversa: registra, do
ponto de vista da vanguarda e da moda internacionais, com seus pressupostos
econômicos, como coisa aberrante, o atraso do país. No primeiro caso, a
técnica é politicamente dimensionada. No segundo, o seu estágio internacional
é o parâmetro aceito da infelicidade nacional: nós, os atualizados, os
articulados com o circuito do capital, frustrada a tentativa de modernização
social feita de cima para baixo, reconhecemos que o absurdo a alma do país é
a nossa.”
13) O artigo de Paulo Francis, “Caetano, pajé doce e maltrapilho” de 1983, pode ser lido no link: http://levaumcasaquinho.blogspot.com/2015/10/caetano-paje-doce-e-maltrapilho-1983-um.html
14) A resposta enraivecida, injusta e cheia de
ressentimento de Caetano Veloso ao artigo de Paulo Francis, mostra que o
compositor tomou a crítica do Francis como um ataque pessoal, em vez de
tomá-la como uma análise cultural do processo de mistificação e alienação
massiva do ídolo Caetano pela mídia nacional. A reação emocionalmente
histérica do Caetano Veloso pode ser observada no link:
https://www.youtube.com/watch?v=JB45FCApJ9A&list=RDJB45FCApJ9A#t=2.
15) No artigo
“Sem mentira não se vive” sobre o livro Verdade Tropical, de Gilberto
Felisberto Vasconcellos analisa: “O mapa tropicalista de direita surge nítido
a nossos olhos de hoje: má-fé acerca do golpe de 64 (a favor da derrubada de
João Goulart, mas contra a ditadura militar), interpretação maledicente e
reacionária de Glauber Rocha como artista suicida (por que não indagar quem
foi entre nós o seu assassino mítico?), desqualificação esnobe e imbecil do
folclore, defesa mercenária da TV monopolista...” Neste mesmo artigo de
Gilberto Felisberto Vasconcellos “Por causa da prisão em 1969 Caetano
aproveita para tirar onda de rebelde, considerando seus companheiros
tropicalistas "os mais profundos inimigos do regime". Mentira.
Depois do proprietário da Rede Globo e do atual presidente da República, o
cantor tropicalista talvez tenha sido o grande beneficiado do golpe de 64.
Não é por acaso que ele subestima o papel da CIA nos idos de 64, assim como
acha o marechal Castelo um cara bonzinho e "sensato". O artigo
completo, “Sem mentira não se vive” de Gilberto Felisberto
Vasconcellos sobre o livro “Verdade Tropical” se encontra no link:
16) O artigo,
“Verdade tropical: um percurso de nosso tempo”, de Roberto Schwarz sobre
o livro de Caetano Veloso se encontra no link: https://ficcoescanibais.wordpress.com/roberto-schwarz-verdade-tropical-um-percurso-de-nosso-tempo/
17) A notícia do
show de Caetano Veloso e Gilberto Gil em Israel e da negação de ambos ao
pedido do músico Roger Waters (do grupo Pink Floyd) para suspender o show que
num país que pratica o apartheid contra a população palestina pode ser visto,
por exemplo, no link: http://brasileiros.com.br/2015/06/caetano-e-gil-negam-ao-pedido-de-cancelamento-de-show-em-israel/
18) A relação
dos países nacionais e estrangeiros que liberam dinheiro para os Clinton se
encontra, por exemplo, no artigo “A fundação Clinton é um obstáculo para
Hillary chegar a presidencia dos EUA” pode ser visto no link:
19) As espúrias relações entre Kissinger e Hillary se encontram no artigo “Hillary Clinton’s Embrace of Kissinger Is Inexcusable” e podem ser lidas no link do jornal estadunidense the Nation: https://www.thenation.com/article/hillary-clintons-embrace-of-kissinger-is-inexcusable/
20) Uma guerra
na qual [como antecipava Bertrand Russell (filosofo socialista e lógico
britânico), Manuel Sacristán (filósofo marxista e lógico espanhol) e pelos
intelectuais e movimentos pacifistas internacionais não haverá vencedores nem
vencidos, pois toda a raça humana desaparecerá deste planeta Terra.
21) Estas
informações podem ser lida no artigo “WikiLeaks'
Julian Assange on Releasing DNC e-mails
That Ousted Debbie Wasserman Schultz” do jornal estadunidense Democracy
Now, através do link:
22) Os leitores
podem verificar a denuncia de Bernie Sanders sobre o golpe de estado no
Brasil na reportagem “Bernie Sanders pede posição dos EUA sobre processo
contra Dilma Rousseff: Senador denuncia medidas do governo interino e pede
eleições democráticas”, no link do Jornal do Brasil: http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/08/09/bernie-sanders-pede-posicao-dos-eua-sobre-processo-contra-dilma-rousseff/
23) A entrevista de Julian Assange, “Choosing Between Trump or Clinton is Like
Picking Between Cholera or Gonorrhea” pode ser lida no link do jornal
estadunidense Democracy Now:
24) Entre os
poucos artigos independentes da propaganda hegemônica da mídia corporativa
ocidental que denunciam o ataque ao presidente Putin e ao patrimônio russo,
se encontra o artigo, “Rusia, Israel y
las omisiones de los medios de comunicación” tradução ao espanhol
do artigo de Alsion Weir para o jornal estadunidense Counterpunch.org, e pode ser lido no
link: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=16622.
Outros
intelectuais de importância tais como o professor sociólogo estadunidense
James Petras e o jornalista brasileiro Pepe Escobar também tem denunciado
frequentemente, em seus escritos, a campanha de difamação contra o presidente
Putin e a Rússia por parte dos políticos neoliberais dos EUA, da Europa e da
mídia corporativa ocidental.
25) A entrevista
de James Petras, “Hillary Clinton no es
el mal menor, es el mal mayor” para a Radio Centenário de Montevidéu,
Uruguai também menciona estes mesmos dados estatísticos, como se pode
verificar através do link:
26) Entre os muitos artigos do jornalista Pepe Escobar sobre essa hipótese provável de uma futura confrontação nuclear entre EUA, aliados europeus versus Rússia e China, seleciono um artigo recente, “Todo o jogo tem a ver com conter Rússia-China, por Pepe Escobar” que pode ser encontrado no link: http://blogdoalok.blogspot.com/2016/08/todo-o-jogo-tem-ver-com-conter-russia.html27) O artigo, “Provocando a guerra nuclear com o apoio da mídia”, de John Pilger, pode ser lido no link: http://blogdoalok.blogspot.com/2016/09/provocando-guerra-nuclear-com-o-apoio.html
O artigo, “El otro crimen de guerra en
los Balcanes”, de Manuel E.
Yepe, se encontra no link: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=216214&titular=el-otro-crimen-de-guerra-en-los-balcanes-
28) Vejam esta informação no artigo “Provocando a guerra nuclear com o apoio da mídia”, de John Pilger, que pode ser lido no link: http://blogdoalok.blogspot.com/2016/09/provocando-guerra-nuclear-com-o-apoio.html |
Posted by Cato
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