domingo, 27 de janeiro de 2013

Pensatas de domingo. Reflexões sobre o capitalismo pós crise


Iniciada em 2007 e acelerada no episódio da quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, a atual crise sistêmica, nos ofereceu a oportunidade de avançar na compreensão das transformações ocorridas nas relações entre “inovações” financeiras, financiamento dos gastos de consumo das famílias, de investimento das empresas e geração de renda e emprego na economia globalizada.
Antes de mais nada, a grande empresa manufatureira se deslocou para regiões onde o custo unitário da mão de obra é mais baixo. Nesses mercados de oferta ilimitada de mão de obra, os salários não acompanham o ritmo de crescimento da produtividade. As elevadas “taxas de exploração” nos emergentes asiáticos incitaram a rápida criação de uma nova capacidade produtiva na indústria manufatureira, com ganhos na mais valia, acirrando a concorrência global entre os produtores de manufaturas. E as políticas de comércio exterior dos emergentes em processo de “perseguição” industrial unem saldos comerciais alentados, e grande acumulação de reservas.
A combinação desses fenômenos, acentuou o caráter cíclico da oferta de crédito e impulsionou a criação de desequilíbrios cumulativos nos balanços de famílias, empresas e países, com sérias consequências para a eficácia das políticas monetárias nacionais. O “financiamento” do déficit estadunidense pelas reservas dos países emergentes, sobretudo pela China, é uma ilusão contábil que esconde as relações de determinação macroeconômica. O movimento vai dos fluxos brutos de capitais para a expansão do crédito aos consumidores nos EUA.
A lenta evolução dos rendimentos aliou-se à vertiginosa expansão do crédito para impulsionar o consumo das famílias. Amparado na “extração de valor” ensejado pela escalada dos preços dos imóveis, o gasto dos consumidores alcançou elevadas participações na formação da demanda final em quase todos os países desenvolvidos. Enquanto isso, as empresas dos países “consumistas” cuidavam de intensificar a estratégia de separar em territórios distintos a formação de nova capacidade, a expansão do consumo e a captura dos resultados. As empresas ampliaram de forma expressiva a posse dos ativos financeiros como forma de alterar a estratégia de administração dos lucros acumulados e do endividamento. Os lucros financeiros superaram com folga os lucros operacionais. 
Porem, nos últimos trinta anos houve um aumento significativo da desigualdade tanto nas sociedades desenvolvidas quanto nas regiões periféricas. Até meados dos anos 1970, o crescimento econômico foi acompanhado do aumento dos salários reais, da redução das diferenças entre os rendimentos do capital e do trabalho e de uma maior igualdade dentro da escala de salários.
A arquitetura capitalista desenhada nos anos 1930 sobreviveu no pós guerra e durante um bom tempo ensejou a convivência entre estabilidade monetária, crescimento rápido e ampliação do consumo dos assalariados. Entre 1947 e 1973, o rendimento real da família estadunidense típica praticamente dobrou. O sonho durou trinta anos e, no clima da Guerra Fria, as classes trabalhadoras gozaram de uma prosperidade sem precedentes.
Por outro lado, a observação das taxas de desemprego aberto, acima de 10% da população economicamente ativa na Comunidade Europeia, e a análise do comportamento dos salários reais ainda não conseguem apanhar as tendências evolutivas mais profundas dos mercados de trabalho, que caminham na direção da precarização, do aumento dos empregos em tempo parcial e da terceirização das tarefas acessórias na grande empresa.
Um estudo recente revela que, na França de hoje, a soma dos que se encontram em situação precária e dos que são obrigados a aceitar tempo parcial chega ao dobro da cifra estimada para os oficialmente desempregados (3 milhões). Desempregados, “precarizados” e trabalhadores em tempo parcial representam 37,5% da população economicamente ativa naquele país.
As exigências e avaliações dos mercados financeiros, impõem uma concorrência às empresas, que afetam negativamente o comportamento do emprego e dos salários. As mudanças nesses mercados, nos últimos vinte anos, acarretaram uma fantástica mobilidade dos capitais entre as diferentes praças, permitiram uma incrível velocidade da inovação financeira, sustentaram elevadas taxas de valorização dos ativos e, sobretudo, facilitaram e estimularam as fusões e aquisições de empresas em todos os setores.
Mobilidade do capital financeiro e, ao mesmo tempo, centralização do capital produtivo à escala mundial. Essa convergência suscitou os surtos intensos de demissões de trabalhadores, a eliminação dos melhores postos de trabalho, enfim, uma maníaca obsessão com a redução de custos.
Não se trata de nenhuma inevitabilidade tecnológica. Foram, de fato, gigantescos os avanços na redução do tempo de trabalho exigido para o atendimento das necessidades, reais e imaginárias da sociedade. Mas os resultados mesquinhos em termos de criação de novos empregos e de melhoria das condições de vida só podem ser explicados pelo peculiar metabolismo das economias capitalistas, sob o império da competição desbragada e das finanças globais desreguladas.
Os sistemas de proteção contra os frequentes “acidentes” ou falhas do mercado estão em franca regressão. A insegurança assume formas ameaçadoras para o convívio social.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Uma sociedade no divã


Jorge Vital de Brito Moreira

Meus caros,

Amigos perguntam porque não tenho colaborado com novos ensaios para “Rebelion.org” e para “Novas Pensatas”. Estão curiosos querendo saber o que aconteceu (a níveis pessoal e social) para que tenha diminuído a frequência na produção  de textos.

Tratando de unir o útil ao agradável, responderei as perguntas dos amigos apresentando um texto (pequeno, limitado por falta de tempo) sobre este e outros assuntos relacionados.

Em nível pessoal, a resposta é simples: dada a crise econômica e o desemprego massivo nos EUA; dado a queda salarial e do nível de vida dos trabalhadores; dado os recortes dos serviços sociais, nós, participantes da classe media, somos forçados (pela necessidade de sobreviver) a trabalhar durante um maior número de horas para manter o nível de vida familiar, compatível com um padrão minimamente aceitável. Em síntese, dadas as necessidade de comer e subsistir, nós, professores (universitários e não universitários) do país, temos que usar o tempo disponível, para conseguir um segundo ou um terceiro emprego para sobreviver.

Em nível social, a resposta é mais complexa, mas nada de transcendental aconteceu ainda. Apesar da gigantesca crise econômica e da consequente desmistificação do neo liberalismo e da globalização; apesar do aumento da consciência política e do retorno à leitura das obras de Karl Marx (O Capital) e ao conceito de luta de classes (negado faz mais de 30 anos pela classe dominante, seus intelectuais orgânicos, e sua media corporativa), ainda não existem respostas decisivas dos sujeitos históricos coletivos e dos movimentos de resistência ao capitalismo. 

Apesar dos avanços políticos das classes oprimidas, ainda não existe uma poderosa aliança entre a classe trabalhadora, o movimento “Occupy Wall Street” (Ocupem Wall Street), o movimento feminista, o movimento gay, o movimento ecologista, o movimento pela emancipação do negro e do latino para construir um projeto coletivo de transformação da sociedade frente à exploração e à dominação da minoritária classe dirigente capitalista.

Muitos teem sido os fatores que retardam o desenvolvimento das alianças entre os movimentos que representam os interesses dos oprimidos. Entre esses fatores, se encontra um dos mais importantes, a violência do Estado do país , mas não me deterei aqui na denúncia da recente repressão dos aparatos policiais contra “Occupy Wall Street” e outros movimentos de resistência.Nem analisarei o papel da media corporativa, da educação, da igreja na manutenção do "status quo"e da hegemonia da burguesia sobre o resto da sociedade.

Neste texto, me concentrarei na violência dos EUA contra os povos de nações estrangeiras, e como a maior responsável na produção de desastres, deslocamentos, traumas, crises e “Post Traumatic Stress Disorder” (Transtorno por Estresse Pós-Traumático), nas vítimas. 

Tratarei de expor (seguindo as noções de hegemonia e consenso do filósofo Antonio Gramsci) como a ideologia da maioria dos profissionais da área de Saúde Mental, da Psicoterapia e do aconselhamento psicológico (Counseling) dos EUA, funciona também como mais um mecanismo de mistificação da consciência dos indivíduos, contribuindo para assegurar o "status quo", a hegemonia, a legitimação da exploração e a dominação dos oprimidos pela classe dirigente do sistema capitalista.

As evidências teem mostrado que existe uma estreita relação entre a crise socioeconômica, o aumento da população desempregada, e a elevação do número de indivíduos afetados por sintomas de doença mental. Em poucas palavras, podemos observar que a crise socioeconômica atual ampliou notavelmente a demanda dos estadunidenses pela ajuda dos profissionais da área de saúde mental.

Mas pesem as evidências de que os milhões de desempregados não tem ingresso econômico para bancar qualquer tipo de seguro médico, a maioria dos profissionais da área de Saúde Mental continua ignorando (como avestruzes) a influência dos fatores e agentes externos na configuração psicológica dos indivíduos e do estado da sua saúde mental no sistema capitalista e defendem uma ideologia que afirma, explícita e implicitamente, que Counseling (aconselhamento psicológico) é o caminho apropriado para resolver os problemas dos indivíduos, independentemente da crise econômica, da classe social, do nível de ingresso, da nacionalidade, do grupo étnico ou racial. Estamos acostumados a um processo de naturalizar novos significados e sentidos que são calculadamente planejadas por grupos para manter-se e controlar o poder político.

Exemplos gritantes deste processo podem ser observados nas substituições da palavra “tortura” pela palavra “conseguir informação”; da palavra “mercenários” (contratados pela CIA para cometer assassinatos) por “contractors”; das palavras “trabalho burocrático-militar” (de médicos, psiquiatras, psicoterapeutas e conselheiros) para recuperar soldados traumatizados, enviando-os de volta ao frente de guerra, como “ajuda psicológica”; ou do trabalho “burocrático-militar”  destes profissionais  (para manter os torturados vivos e  continuar obtendo  “informação”), se explica e justifica pelas palavras  “It is just a job” (“é apenas um trabalho”).

Como os leitores podem observar, minha crítica esta ligada predominantemente ao aumento da mistificação da consciência social devido a má fé e a ignorância de conselheiros e clientes da relação contraditória entre vida individual e vida social, entre problemas internos e externos, entre interesses imperialistas e interesses nacionais, entre desastres causados pelas atividades dos seres humanos e desastres naturais.

Apesar do aumento da mencionada propaganda ideológica (advogada por companhias de seguros, da maioria dos terapeutas e da mídia corporativa) para aumentar os ingressos e os lucros dos proprietários privados do setor, é necessário também mencionar que existe no país uma minoria de profissionais do setor que também questionam o caráter nefasto da ideologia aqui mencionada.

Neste ponto, gostaria de levar em conta a relação contraditória entre desastres naturais e desastres provocados pelos seres humanos e descrever, sucintamente, o modo generalizado (e hegemônico) de entender (ou desentender) a relação entre os desastres causados pelos humanos e os desastres causados pela natureza, assim como mostrar as consequências práticas deste entendimento na avaliação e tratamento dos traumas, das crises de PTSD (Post Traumatic Stress Disorder) por parte dos profissionais do setor de saúde mental.


Segundo o artigo "Desastres naturais e artificiais e Saúde Mental", de Satcher, Friel e Bell, a doença mental é uma questão de “importância global pois estima-se que 450 milhões de pessoas no mundo têm transtornos mentais ou comportamentais,  respondendo por 12% da carga global de doenças humanas." (Satcher, Friel e Bell, 2007, pg. 2540).

A riqueza de dados do artigo é notável e os autores tentam fazer uma descrição e uma avaliação equilibrada dos fatores que causam as crises, os traumas, e a doença PTSD, devido a catástrofes naturais e aos desastres criados por seres humanos.

Por um lado, os autores comentam e dão exemplos de grandes traumas provocados por um conjunto de grandes desastres naturais, como o furação Karina no sul dos EUA (e outros), e por outro lado, os autores comentam e mostram exemplos de um conjunto de gigantescos desastres causados maciçamente por seres humanos, como a Guerra do Iraque (e outras guerras imperialistas dos EUA).

De fato, a maioria das pessoas justificam as catástrofes naturais e os traumas decorrentes delas falando que são provocadas pelas “mudanças climáticas” pelos furacões, tempestades, tornados, terremotos, inundações, e incêndios. No entanto, devemos questionar a noção de "desastre natural" em si, porque muitos destes desastres foram causados indiretamente pela destruição humana da natureza.

Sabemos que os desastres naturais contribuem significativamente para aumentar o já elevado numero de vítimas de traumas, crises psicológicas e doenças mentais. Nesta direção, os desastres naturais mais destacados pela media nos últimos 35 anos foram o terremoto na Cidade do México (1986), o furacão Karina (2005), no sul dos EUA, o terremoto no Haiti (2010), o terremoto e tsunami no Japão (2011).

Todos estes eventos "naturais", causaram traumas e deslocamentos massivos de seres humanos e têm contribuído para colocar uma atenção crescente nos traumas e crises pelos profissionais ligados a saúde mental, às terapias e ao aconselhamento psicológicos.

O que surpreende é que muitas pessoas podem admitir que a violência humana tem sido uma das importantes causas na produção de traumas e crises, mas elas não mencionam (convenientemente) que a violência provocada pelas guerras dos EUA contra as nações do terceiro mundo, é a maior responsável pela produção de vítimas afetadas por desastres, deslocamentos, traumas, crises, suicídios e PTSD.

O mencionado artigo de Satcher, Fiel e Bell ajuda a demonstrar que PTSD tem sido particularmente elevada nas áreas em que a população experimenta destruição, morte e deslocamento. Os autores dizem: "Depois de 12 anos de sanções econômicas e duas guerras contra o Iraque, aproximadamente cinco milhões de pessoas iraquianas mostram “sintomas psicológicos significativos" e pelo menos 300.000 pessoas sofrem de “graves condições de saúde mental” (Satcher, Fiel e Bell, 2007, pg. 2541).

Na minha opinião, foi a Guerra do Vietnã (1) um dos eventos transcendentais que mais contribuiu para intensificar o foco da profissão de “aconselhamento psicológico” nos traumas, nas crises e nas catástrofes sofridas pelos estadunidenses.

Foi a tremenda derrota dos EUA na guerra e a morte de soldados 58.220 (1), aos 303.635 soldados norteamericanos feridos e 1.687 desaparecidos (2); foi o prejuízo econômico-material, o colapso moral, emocional e os traumas psicológicos (PTSD), os fatores que chamaram  a atenção para a necessidade de ajudar, de confortar e recuperar as vidas dos soldados (e suas famílias) que foram destruídas pela guerra e suas consequências. Desde esse período, os profissionais de saúde mental tem colocado crescentemente a sua atenção nos desastres, nos traumas, nas crises e nas catástrofes. Enquanto as vítimas vietnamitas, atualmente, estima-se que o número de civis mortos nesta Guerra está entre dois a cinco milhões.

Desde a Guerra do Vietnã, os desastres pela ação humana têm aumentado numa proporção assustadora e as guerras intermináveis dos EUA continuam a ser a principal responsável pela destruição e produção de desastres numa escala assombrosa.

Tampouco devemos esquecer que desde as bombas atômicas estadunidenses que destruíram as cidades e a população de Hiroshima e Nagasaki, o governo dos Estados Unidos e do Complexo Industrial Militar têm sido os principais causadores da desgraça humana global. Durante todo o período que tenho vivido nos EUA, assisti a primeira Guerra do Golfo com seu bombardeio da população iraquiana realizada pela administração Bush (pai), ao bombardeio da administração Clinton sobre a população européia, assisti tanto ao bombardeio de iraquianos durante a segunda guerra contra o Iraque como ao bombardeio do povo afegão durante o governo de George W. Bush (o filho) e atualmente pela administração de Barack Obama.

Devo mencionar o altíssimo número de suicídios entre os soldados dos EUA durante a Guerra contra o Afeganistão. Conforme dados recentes o número de soldados mortos por suicídios causados por esta guerra, tem sido maior que o índice de soldados mortos em combate. O mais incrível é que o oficial da Marinha, Job W. Price, comandante do grupo de elite Navy SEAL (que supostamente assassinou Bin Laden) suicidou-se no dia 22 de dezembro de 2012 (3).

Dados recentes mostram a grande preocupação do Pentágono e da Secretaria da Defesa dos EUA, com os suicídios militares. O atual secretário de Defesa, Leon Panetta, se referiu aos suicídios dos soldados estadunidenses como uma verdadeira epidemia. A noticia desta semana foi publicada pela CBS News do dia 14 de janeiro de 2013 com o titulo: “U.S. military suicides exceed combat deaths” (4).

Durante todos esses anos de guerras estadunidenses, a intervenção profissional nas crises psicológicas continua em expansão e o aconselhamento psicológico converteu-se num lucrativo campo profissional, com vocabulário, noções, teorias e técnicas “próprias” e “específicas” (5).

Atualmente, o número de conselheiros e especialidades de terapias psicológicas tem crescido notavelmente nos EUA e tem ocupado posições crescentes no trabalho, na escola, nos hospitais, nas clinicas, consultórios privados e nas fábricas, e uma parte importante da sua atividade é “ajudar” as pessoas que são afetadas por desastres, traumas, crises, PTSD e pelos conflitos laborais. Assim parece que a ideologia do setor de saúde mental e das terapias psicológicas, esquecendo a relação entre sociedade e individuo, entre sistema capitalista e doença mental têm se transformado na nova panacéia, na nova forma de mistificação e legitimação do poder dentro do sistema e da crise do capitalismo dos EUA.


1) A Guerra do Vietnã foi um longa guerra imperialista dos EUA, que começou no ano de 1959 e terminou em 1975. Vejam a informação detalhada sobre a guerra, em português, no website de Wikipédia,  (http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Vietn%C3%A3)
2) Vejam a informação estatística sobre a guerra do Vietnã em “Statistical Information about Fatal Casualties of the Vietnam War” do Arquivo Nacional dos EUA, no seguinte link, http://www.archives.gov/research/military/vietnam-war/casualty-statistics.html

5) Existem dezenas de psicoterapias, psicoterapeutas e conselheiros circulando  pelos EUA. A maioria destes profissionais advogam em causa própria e  afirmam que a terapia que utiliza e defende “ajuda” as pessoas a resolverem seus problemas. Também afirma que sua terapia está capacitada para ajudar a qualquer tipo de clientela. As terapias mais utilizadas estão emparentadas com o enfoque “Cognitive-Behavioral Theories” tais como “Dialectical Behavior Theory”, “Rational Emotive Behavior Therapy” “Reality Therapy/Choice Theory”. Estas compreendem um conjunto de princípios, noções, conceitos e intervenções práticas, baseados nos conhecimentos do behaviorismo e da psicologia cognitiva.
 Também existem as terapias chamadas psicodinâmicas (de forte parentesco com a Psicanálise), que seus defensores afirmam que foram construídas para serem utilizadas com sucesso por qualquer tipo de cliente: não somente o cliente individual, familiar, ou de grupo,  mas os clientes que procedem de países de grande diversidade cultural. Em poucas palavras, eles afirmam (explicita o implicitamente) que suas terapias resolvem os problemas dos indivíduos independentemente da história social, da diversidade cultural e nacional, das diferenças, religiosas, raciais, sexuais, generacionais e outras.
 As psicoterapias mais reconhecidas a partir dos trabalhos teóricos e práticos de Sigmund Freud e da sua Psychoanalytic Theory tem sido “Jungian Analytical Theory” e “Adlerian Theory” são as mais utilizadas nos EUA.
Outras terapias de destaques, tais como, “Existential Theory”, “Person-Centered Theory” e“Gestalt Theory”, estão baseadas na Fenomenologia e na filosofia  Existencialista e são utilizadas com frequencia nos EUA. Alem das psicoterapias mencionadas, existem novos tipos de psicoterapia tais como Family Theory, Feminist Theory, Transpersonal Theory que se expandem significativamente entre os pacientes dos EUA.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Uma sociedade empobrecida


Segundo matéria lida no “Correio do Brasil”, a pobreza é, a cada dia que passa, uma realidade mais evidente para os estadunidenses. Acostumadas à fartura e ao desperdício, as famílias que antes da crise integravam a classe média, veem-se diante de necessidades básicas que, há algumas décadas, foram resolvidas de forma artificial. O crédito fácil, criado por sucessivos golpes bancários no escândalo dos subprimes, transformou-se no fantasma do desemprego e da fome. Mesmo aquelas famílias que têm empregos empobreceram.
Mais gente voltou a trabalhar, segundo a pesquisa realizada com amostragens de 2011, mas geralmente em funções mal remuneradas. Segundo o estudo, mais chefes de família trabalham como caixas, empregados domésticos, garçons e outras atividades em setores que oferecem baixos salários, baixa carga horária e poucos benefícios.
Segundo o relatório do Censo (divulgado pela agência inglesa de notícias Reuters), em 2011 havia 200 mil famílias de “trabalhadores pobres” a mais do que em 2010. Cerca de 10,4 milhões dessas famílias – ou 47,5 milhões– agora vivem dentro da linha da pobreza, definida nos EUA como tendo uma renda inferior a US$ 22.811 por ano, para uma família de quatro pessoas.
“Embora muita gente esteja voltando a trabalhar, elas estão muitas vezes assumindo vagas com salários menores e menos segurança no emprego, em comparação aos empregos de classe média que tinham antes da crise econômica”, afirma a Reuters.
Os dados mostram uma concentração de renda em que os 20% mais ricos dos EUA receberam 48% de toda a renda nacional, enquanto os 20% mais pobres ficam com apenas 5%.
O efeito da pobreza sobre o crescente número de crianças que vive nessas famílias –um aumento de quase 2,5 milhões de menores em cinco anos– também coloca em xeque o modelo econômico do país. Em 2011, cerca de 23,5 milhões (ou 37%) das crianças dos EUA viviam em famílias trabalhadoras pobres, contra 21 milhões (33%) em 2007, segundo o relatóri

domingo, 13 de janeiro de 2013

Pensatas de domingo


Mas afinal, o que é democracia?

Outro dia mesmo estava falando sobre lavagem cerebral e a ditadura da mídia burguesa sobre corações e mentes.
Recebi o comentário de um anônimo completamente anônimo, ou seja, desses que nem inventam um nome qualquer para assinar, dizendo exatamente o que esta imprensa deseja que se pense sobre as coisas. Dizia a mensagem: “boa noite, ...andei lendo alguns posts seus, e achei muito legal, bem descontraído, realmente interessante , mas um ítem discutido neste post, sobre o sr Chavez, não concordo com a sua opinião, pois ao meu ver, este ilustre sr não passa de mais um caudilho, ditador que por muito tempo tiveram espaço na AL, pois um governante com quase 20 anos de "mandato", não podemos chamá-lo de democrático, mas sim de ditatorial, não havendo aí ‘direita’ ou ‘esquerda’."
Este tipo de raciocínio é exatamente um exemplo prático do que penso.
Mas o que é democracia? Será que as pessoas não conseguem enxergar que nós é que não vivemos numa democracia propriamente dita? Que nossas ideias e conclusões são manipuladas, dirigidas para um “raciocínio” programado? Que os parlamentos existentes em todo o mundo (não só no Brasil, como às vezes somos levados a pensar) não representam os direitos de seus eleitores, mas, apenas –e claramente– os interesses da máquina de interesses comerciais implantada pela classe dominante?
Obviamente que não enxergam! Como em obras de Orwell ou Huxley, somos dirigidos, e como marionetes levados a conclusões que não são nossas, mas deles. E alem disso, que o conceito democrático imposto no ocidente pela cultura europeia-estadunidense é falso e completamente mentiroso. E mais: que estes querem impor sua conduta ao resto do mundo à força (uma forma nada democrática) sem respeitar a história de cada país.
Esta formação histórica de culturas diversas, naturalmente teem comportamentos e ações tambem diversos. Fenômenos como o “caudilhismo” na América são comuns neste continente. Mas não mais ditatoriais do que a força dos lobbies na política dos Estados Unidos. Os lobbies, nada democráticos, foram uma invenção estadunidense de controlar seus políticos à manipulação completa por parte dos grandes grupos econômicos à custa de milhões de dólares no bolso de cada um deles. A classe política dos EUA é considerada (não pela grande mídia) a mais corrupta do mundo. E isto pode ser aceito como uma forma de democracia?
Será possível imaginar-se que no Oriente Médio, secularmente governado pelos seus marajás, de uma hora para outra vão eleger um parlamento nos moldes ocidentais e cair neste mesmo tipo de regime? Naqueles países, a corrupção é completamente diferente da que conhecemos aqui. E digo aqui porque o Brasil adotou a mesma mecânica dos EUA.
O “eleitorismo” apenas induz o cidadão a pensar que tendo o “direito” de escolher alguem em quem votar o leva a estar exercendo um papel “democrático”. E não é isto. Depois de eleito, o político vai atender aos interesses de seus financiadores, aqueles que de fato possibilitaram suas caríssimas campanhas pelo poder. Aquele (geralmente desconhecido) que votou nele que se dane! E a mídia por trás disso nos impõe que isto é democracia. Empurra, goela abaixo do homem comum, que isto é de fato uma democracia.
É uma grande ilusão pensar que um presidente dos Estados Unidos esteja tão longe do típico caudilho de um outro país americano. E ditatoriais a seu modo, são os presidentes e seus poderes naquele país. Só que disfarçados pela “democracia de fachada” ocidental... O fato de se alternarem no poder pouco importa, se todos estão alinhados com um tipo de pensamento único que defende o estado burguês em sua essência. As nuances que existem entre as duas facções de um partido único de classe são tão sutis que não apresentam o menor risco de alteração do status quo.
Se Chávez é um “ditador”, a rota seguida por ele para a Venezuela conseguiu algum progresso à margem de um caminho que fosse formatado pela dependência total aos EUA. Somente um governo que se oponha frontalmente ao imperialismo pode atingir algumas das metas alcançadas, e que são omitidas pela imprensa ocidental. Ao invés de servir à burguesia, Chávez serviu ao povo. E isto é democracia na acepção da palavra: “um governo do povo, pelo povo e para o povo”...
De acordo com o estudo do perfil sócio-demografico apresentado pelo Instituto Datos (1), o grupo “E”, que corresponde a 15,1 milhões de venezuelanos da população mais pobre, com renda de até US$ 200 por domicílio, teve sua renda aumentada em 53% entre 2003 e 2004.
Segundo o mesmo instituto, em 2005 a renda do estrato “E” da população venezuelana continuou aumentando mais rapidamente que a dos estratos de renda mais alta. A renda da classe “E” cresceu mais 32% em termos nominais (cerca de 16% em termos reais) de 2004 para 2005, enquanto que a da classe “D” cresceu 8%, e a da classe “C” cresceu 15% (valores nominais).
Hoje a Venezuela tem a melhor distribuição de renda da América do Sul, e tambem foi declarada pela UNESCO, livre do analfabetismo, por ter atualmente uma taxa de analfabetos inferior a 4%. Um progresso muito grande num país anteriormente analfabetizado em sua maioria. Alem do mais, o sistema público (gratuito) de saúde é extremamente eficiente.
Tambem é importante lembrar que as eleições na Venezuela são fiscalizadas, inclusive por comissões dos Estados Unidos e da ONU. O resto é lavagem cerebral por parte da ditadura da burguesia e sua mídia...

1. Datos é um Instituto espanhol de estatísticas. Os dados são antigos porque torna-se quase impossível coletar-se alguma notícia da Venezuela na web. Outra arma utilizada pela mídia como forma de esconder seus sucessos.